O Instituto Butantan busca uma parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) para produzir nacionalmente vacinas contra a varíola dos macacos. De acordo com a instituição, o acordo prevê a transferência de material biológico para o Brasil, que vai possibilitar ao Butantan desenvolver localmente o imunizante.
“Estamos apenas aguardando a formalização da parceria com o NIH para o Butantan começar a criar expertise para uma possível produção da vacina”, afirmou o gerente de Inovação do Instituto Butantan, Cristiano Gonçalves Pereira. “O objetivo é ter um produto final seguro, com eficácia e imunogenicidade.”
Objetivos do Butantan com a parceria
De acordo com a diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski Tavassi, a ideia é que, no primeiro momento, o material biológico sirva para a realização de diversos estudos na instituição brasileira. A pesquisadora também disse que “a parceria deve ser encarada como um passo inicial”. “A produção (da vacina) terá início após superarmos as primeiras etapas”.
Caso o material seja transferido, o Butantan planeja criar bancos de células e de vírus para estudar processos de produção e de metodologia que desenvolvam uma nova vacina. Logo, a parceria não tem o intuito de iniciar a produção local de um imunizante já existente, mas sim a abertura do caminho para a criação de uma nova formulação, o que demanda tempo e uma série de etapas de estudos pré-clínicos e clínicos.
A busca pela produção nacional é resultado do aumento de casos da varíola dos macacos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de mortes pelo vírus monkeypox, causador da varíola dos macacos, com oito das quase 40 notificações mundiais, e o segundo em número de casos. Das mortes que ocorreram, duas foram em São Paulo, três no Rio de Janeiro, e três em Minas Gerais, informou o Ministério da Saúde.
Caso a parceria seja firmada, essa não seria a primeira vez que o NIH faz uma doação de material biológico ao Brasil do vírus monkeypox. No começo de setembro, o Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), recebeu duas amostras do vírus para desenvolver uma vacina própria.
Durante esse período, o pesquisador do CT Vacinas Flávio Fonseca, coordenador da Câmara POX MCTI, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, estimou um período de seis meses para o crescimento do material e a realização dos testes necessários, que compõem a primeira etapa da criação da nova vacina.
Embora as instituições brasileiras busquem desenvolver vacinas nacionais, já existem imunizantes disponíveis para o combate ao surto atual. O Ministério da Saúde recebeu há três semanas um lote com quase 10 mil doses, parte de acordo mediado pela Organização Pan-Americana de Saúde, que prevê 50 mil aplicações.
Em primeira instância, a estratégia da agenda é imunizar primeiro os profissionais de saúde que atendem os pacientes infectados com a varíola e pessoas próximas a eles. O imunizante é o Jynneos, desenvolvido pela Bavarian Nordic, que também é usado por diversos países com campanhas de vacinação, como os EUA e o Reino Unido.
Monkeypox permanece como emergência de saúde
Em reunião na terça-feira 1º, o comitê responsável pela OMS optou pela manutenção da varíola dos macacos como uma emergência internacional de saúde, status decretado em julho. A decisão permanece mesmo com a diminuição de novos casos.
De acordo com os dados da plataforma Our World in Data, da Universidade John Hopkins, dos EUA, a média era de quase 300 diagnósticos por dia, mas, registrou na terça-feira uma queda de 44%, resultando em pouco mais de 160 diagnósticos. Em agosto, o índice tinha ultrapassado mil novos casos por dia.
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