O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que ganhou notoriedade durante a CPI da Covid, tem usado verbas do Senado para contratar, de forma recorrente, os serviços da JB Andrade Locação de Veículos — empresa pertencente a Milton Arthur Vasconcelos de Andrade, seu ex-candidato a vice-governador e maior doador privado da campanha ao Governo de Sergipe em 2022.
Derrotado no primeiro turno da eleição estadual, Vieira voltou ao Senado e, logo em seguida, passou a pagar mensalmente a empresa do antigo parceiro de chapa. De janeiro de 2023 a fevereiro de 2025, as despesas somaram R$ 173 mil, com um custo fixo mensal de R$ 7,3 mil — valor que cobria o aluguel de uma Ford Ranger (R$ 5 mil) e um Volkswagen Gol (R$ 2,3 mil).
Todos os valores foram reembolsados mediante apresentação de recibos simples, sem a emissão de notas fiscais, prática permitida pelas regras do Senado, mas questionada por órgãos de controle pela falta de transparência e potencial conflito de interesse.
Milton Andrade, além de empresário, é advogado e figura conhecida no meio empresarial sergipano, já tendo presidido a Câmara de Dirigentes Lojistas de Aracaju e coordenado o Fórum Empresarial do estado. Hoje, ele comanda a Agência Sergipe de Desenvolvimento, vinculada ao governo estadual.
Procurado, o senador afirmou que os contratos de locação são realizados por meio de cotação de preços e que a escolha se deu pela “alternativa mais econômica”, negando qualquer tipo de irregularidade: “Não existe nenhum conflito de interesse”, declarou à coluna.
Vieira e Andrade também compartilham formação pela escola de liderança política RenovaBR, organização fundada em 2017 com o objetivo de formar políticos comprometidos com a ética pública e a renovação do quadro político nacional.
A polêmica surge justamente no momento em que o senador assume um papel de destaque como relator da avaliação das políticas de gastos públicos e incentivos fiscais na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A missão envolve fiscalizar o uso de recursos federais e o impacto dos subsídios sobre o orçamento e a desigualdade social no país.
“Esse ajuste fiscal não pode recair sobre os mais pobres”, afirmou Vieira ao assumir a relatoria. A relação financeira com seu ex-vice e financiador, no entanto, levanta questionamentos sobre a coerência entre o discurso e a prática.
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