A chegada da ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, ao Brasil após receber asilo diplomático provocou críticas do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Em postagem feita na rede social X (antigo Twitter) na quinta-feira (17), Moro comparou Heredia ao ex-ativista italiano Cesare Battisti, que também recebeu proteção do governo brasileiro no passado. Segundo ele, a ex-primeira-dama seria “o novo Cesare Battisti, o assassino asilado pelo PT”.
Na publicação, o ex-juiz da Lava Jato ainda classificou Heredia como “a primeira-dama corrupta da Odebrecht” e criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alegando que “tem uma queda por bandidos e prejudica a imagem do Brasil”.
Nadine desembarcou em Brasília na quarta-feira (16), vinda em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), acompanhada do filho menor. O Ministério das Relações Exteriores confirmou que o asilo foi concedido oficialmente na terça-feira (15), com respaldo na Convenção de Asilo Diplomático de 1954, assinada em Caracas e reconhecida tanto por Brasil quanto por Peru. O governo peruano autorizou a saída de Heredia e do filho por meio de um salvo-conduto.
Ela e o marido, o ex-presidente Ollanta Humala (mandato entre 2011 e 2016), foram condenados a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro relacionada à campanha eleitoral de 2011. A acusação afirma que os recursos teriam origem em pagamentos ilícitos da empreiteira Odebrecht — atualmente chamada Novonor. Ambos negam envolvimento nos crimes e afirmam ser vítimas de perseguição política, ainda que já estejam sujeitos à execução da pena. O casal pode recorrer da condenação. O julgamento se estendeu por três anos.
Na mesma postagem, Moro mencionou o caso de Cesare Battisti, militante italiano dos “Anos de Chumbo”, condenado à prisão perpétua por quatro homicídios ligados ao terrorismo. O ex-ativista viveu no Brasil por anos e teve a extradição solicitada pela Itália em 2010. Embora o STF tenha dado parecer favorável ao pedido, Lula, no final de seu segundo mandato, optou por negar a entrega. Battisti só foi enviado ao país europeu em 2019, após ser detido na Bolívia. No mesmo ano, ele admitiu pela primeira vez sua culpa nos assassinatos. Em 2021, Lula declarou arrependimento por tê-lo acolhido e pediu desculpas “ao povo italiano”.
O caso de Humala e Heredia se soma à série de escândalos envolvendo ex-líderes peruanos e a Operação Lava Jato. Ao todo, quatro ex-presidentes do Peru, além da filha de outro, foram citados nas investigações. Em 2017, o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, declarou em depoimento que a empresa repassou recursos a diversas campanhas políticas no país andino, incluindo as de Alejandro Toledo, Alan García, Humala e Keiko Fujimori.
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