O deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) acionou o Ministério Público Estadual contra a Prefeitura de São Paulo e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) após a morte do ambulante senegalês Ngagne Mbaye, de 34 anos, durante uma abordagem da Operação Delegada no centro da capital.
A representação foi encaminhada na quarta-feira (16/4), e aponta a necessidade de investigação da responsabilidade da gestão municipal na abordagem policial. A Operação Delegada é um convênio entre a Prefeitura e o governo do Estado de São Paulo, que permite que policiais militares atuem, de forma remunerada pela Prefeitura, no combate ao comércio ambulante irregular.
Na ação, Boulos destaca que a Prefeitura gasta cerca de R$ 1 milhão por dia com a operação e critica o que chama de “amadorismo e irresponsabilidade” dos agentes envolvidos. Ele lembra ainda que há denúncias recorrentes de violência policial excessiva em ações da Operação Delegada.
“Os altos valores gastos pela Prefeitura contrastam com a irresponsabilidade na atuação dos agentes policiais, que, atuando sob comando da Prefeitura, assassinaram o senegalês Ngagne Mbaye”, diz a representação.
Ngagne Mbaye foi morto em 11 de abril, quando, segundo relatos, teria resistido à apreensão de suas mercadorias por policiais militares. Ele vendia chinelos de couro no bairro do Brás e enviava dinheiro para sua família no Senegal. Mbaye vivia há sete anos no Brasil e não tinha parentes no país.
Após ser baleado, ele chegou a ser socorrido, mas morreu antes de chegar ao hospital. A tragédia gerou protestos na Praça da República e reacendeu debates sobre racismo estrutural, xenofobia e violência policial em ações contra trabalhadores imigrantes.
Boulos defende que o Ministério Público abra uma investigação formal sobre a conduta da Prefeitura na condução da operação, que estaria, segundo ele, diretamente ligada à morte do ambulante.
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