A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, pediu asilo diplomático ao Brasil nesta terça-feira (15), horas depois de ser condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, no escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou que Heredia se encontra na Embaixada brasileira em Lima, capital peruana.
A informação foi posteriormente corroborada pelo Itamaraty peruano, que declarou que o pedido foi feito "de acordo com a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954", tratado internacional do qual Brasil e Peru são signatários.
“Ambos os governos estão em comunicação constante sobre esta situação”, afirmou o governo peruano em nota oficial.
Condenação no caso Odebrecht
Nadine Heredia foi condenada junto ao ex-presidente Ollanta Humala (2011–2016), também sentenciado a 15 anos de prisão pelo mesmo esquema. A Justiça peruana os considerou culpados por receberem recursos ilícitos da Odebrecht para a campanha presidencial de 2011.
O julgamento durou três anos, e, durante todo o processo, o casal alegou estar sendo alvo de perseguição política. Ainda que possam recorrer da decisão, a prisão foi decretada com execução imediata.
Contexto político e diplomático
O pedido de Heredia pode reacender debates sensíveis sobre relações diplomáticas e asilo político na América Latina. O Brasil já teve episódios semelhantes, como o do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, que ficou abrigado na embaixada brasileira em La Paz por mais de um ano em 2012.
A concessão ou recusa do asilo dependerá agora da avaliação do governo brasileiro, que deve considerar aspectos jurídicos, diplomáticos e humanitários.
Um caso com repercussão regional
Ollanta Humala se torna o segundo ex-presidente do Peru a ser preso no âmbito do escândalo da Lava Jato — e o quarto a ter seu nome envolvido no caso Odebrecht. A empreiteira brasileira, renomeada como Novonor desde 2020, admitiu ter financiado campanhas políticas em diversos países latino-americanos em troca de contratos públicos.
Heredia, considerada uma figura central nas decisões do governo Humala, foi apontada pelo Ministério Público como responsável direta pela gestão dos recursos ilegais recebidos durante a campanha.
Nos próximos dias, a Justiça peruana dará continuidade à leitura completa da sentença. Enquanto isso, a permanência de Heredia sob proteção da Embaixada do Brasil em Lima coloca o governo brasileiro diante de uma decisão diplomática delicada, com possíveis repercussões bilaterais e regionais.
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