Em um movimento surpreendente no cenário político polarizado, o deputado federal Luciano Vieira (Republicanos-RJ) subiu à tribuna da Câmara nesta terça-feira (15) para defender o diálogo entre os Poderes e propor uma reaproximação com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar, que foi eleito pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, elogiou publicamente o magistrado e anunciou que solicitará uma audiência formal com Moraes para discutir os desdobramentos das penas aplicadas aos envolvidos nos atos extremistas de 8 de Janeiro.
"Alexandre de Moraes é um jurista respeitado, profundo conhecedor do Direito e da política institucional brasileira. Sua trajetória demonstra compromisso com a estabilidade democrática", afirmou Vieira, em tom sereno, diante de um plenário dividido.
O gesto do deputado ocorre em meio a um impasse crescente em torno do projeto de anistia aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes. A proposta enfrenta resistência no Congresso, e lideranças como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), evitam pautar a urgência da medida, temendo desgaste político.
Vieira defendeu que o tema seja tratado com “responsabilidade” e que o Parlamento se coloque como espaço legítimo de debate, mas livre de discursos inflamados e ataques institucionais. Em seu discurso, condenou com veemência as ofensas dirigidas ao STF e, especialmente, ao ministro Alexandre de Moraes.
"Não é Brasília que precisa ser incendiada com palavras inflamadas, é o Brasil que precisa ser reconstruído com serenidade, diálogo e responsabilidade", disse o deputado. "Diálogo não é fraqueza. É, na verdade, o maior sinal de maturidade política."
Embora tenha reafirmado sua origem política — lembrando que disputou as eleições pelo PL e votou em Jair Bolsonaro —, Vieira sinalizou que sua prioridade agora é contribuir para a pacificação nacional. A iniciativa contrasta com o tom adotado por parte da oposição, que tem atacado frontalmente o Judiciário.
Ao propor a construção de uma "ponte de entendimento" com Moraes, o parlamentar se alinha à tese defendida por Hugo Motta de que a solução para o caso passa por uma conciliação entre o STF e o Congresso.
Vieira encerrou seu discurso com um apelo: “Precisamos reencontrar o caminho da civilidade institucional. A democracia não se fortalece com gritos, mas com diálogo.”
O gesto do deputado é visto nos bastidores como um possível sinal de mudança de postura dentro da bancada conservadora diante da crescente pressão por uma saída negociada para o episódio que marcou um dos capítulos mais turbulentos da história recente da República.
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