O senador Alexandre Giordano (MDB-SP) destinou uma emenda Pix de R$ 3 milhões para a estrada municipal Benedito Olegário Chiavatto, em Morungaba (SP) — exatamente a via onde fica o Hotel Fazenda São Silvano, empreendimento de sua propriedade.
A proposta, apresentada em 2024 e registrada no portal Transferegov, prevê projeto e execução de paisagismo na estrada, que é chamada localmente de “Rota do Charme”. O hotel, que pertence ao senador, tem diárias que variam entre R$ 1.100 e R$ 2.200, e é utilizado para casamentos e eventos privados, operando com 93 quartos.
A emenda foi liberada no final do ano passado, em 27 de dezembro, durante a gestão do então prefeito Marquinho de Oliveira (PSD), aliado político de Giordano. O valor ainda não foi executado, e a nova administração municipal, liderada por Luis Fernando (União Brasil), afirmou que está avaliando o uso do recurso.
Defesa do senador
Em resposta, Giordano afirmou que as emendas foram feitas a pedido da prefeitura, e que a estrada é pública, beneficiando moradores e visitantes de forma coletiva. “Trata-se de uma via pública que beneficia a coletividade e o turismo local”, disse.
Histórico de recursos para Morungaba
Morungaba, com cerca de 14 mil habitantes, já recebeu mais de R$ 20 milhões em emendas de Giordano desde que ele assumiu o mandato no Senado. Desse total, R$ 7 milhões foram enviados apenas em 2023.
Em 2022, o senador destinou R$ 8 milhões para o recapeamento da estrada Sub Delegado João Molena, localizada no mesmo bairro do hotel. Embora possua também uma propriedade nesta via, a pavimentação, segundo apuração, não alcança diretamente seu terreno.
Sinais de privilégio?
A estrada beneficiada pela emenda mais recente exibe logo na entrada do hotel um brasão da República, e é palco de atividades turísticas promovidas pelo empreendimento, como trilhas de golfe, passeios a cavalo e visitas a cachoeiras. Segundo reportagem, os passeios são exclusivos para hóspedes e convidados de eventos.
A destinação milionária a uma cidade pequena e com laços comerciais diretos ao parlamentar levanta questionamentos sobre possível conflito de interesses e uso de recursos públicos em benefício próprio.
O caso reforça o debate em torno da transparência e fiscalização das chamadas "emendas Pix", que são transferências diretas do orçamento federal para estados e municípios, sem necessidade de convênio prévio — modelo que tem sido alvo de críticas por abrir brechas para uso político de recursos públicos.
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