O advogado Amaury Albuquerque Nascimento, primo e ex-assessor do deputado Elmar Nascimento (União-BA), foi desligado do cargo de secretário parlamentar após ser citado na Operação Overclean, que investiga um suposto esquema de desvio de emendas parlamentares por meio da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
Amaury ocupou o cargo entre maio de 2024 e fevereiro de 2025. Segundo o deputado, o desligamento se deu por iniciativa do próprio servidor, que teria solicitado a exoneração para assumir um novo trabalho. Em nota ao portal UOL, Amaury afirmou que o pedido “não tem qualquer relação com a operação”, acrescentando que “nunca foi intimado para prestar nenhum esclarecimento” e que não tem “ciência formal de nada” que o vincule à investigação.
De acordo com a Polícia Federal, o nome de Amaury — identificado como "Amau Campo", referência ao seu nome e à cidade natal Campo Formoso (BA) — aparece em uma planilha apreendida durante a primeira fase da operação, deflagrada em dezembro de 2024. O documento seria usado por empresários para contabilizar propinas no esquema investigado.
Outros integrantes da família Nascimento também foram citados no inquérito. O irmão do deputado e prefeito de Campo Formoso, Elmo Aluizio Vieira Nascimento, e o primo Francisco Manoel do Nascimento Neto, o “Francisquinho”, ex-secretário de governo do município, estão entre os nomes mencionados. Francisquinho protagonizou um episódio que chamou atenção da PF: ao ser surpreendido pela operação, jogou uma sacola contendo R$ 220 mil pela janela.
Em outra frente da investigação, a Polícia Federal descobriu trocas de mensagens entre o prefeito, um superintendente da Codevasf e representantes de uma empresa vencedora de licitações públicas na cidade. A PF apura se emendas destinadas por Elmar Nascimento à Codevasf teriam beneficiado irregularmente o grupo.
O parlamentar se defendeu das acusações, alegando que até 2024 as emendas direcionadas à estatal eram de autoria do relator do Orçamento, e que os deputados “não têm competência e nem se tornam responsáveis pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços”.
A Operação Overclean segue em curso e deve ampliar o cerco sobre as emendas parlamentares vinculadas à estatal federal, considerada um dos principais canais de liberação de recursos no chamado “orçamento secreto”.
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