Uma declaração da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em defesa da discussão sobre a redução de penas de civis condenados pelos atos de 8 de Janeiro, provocou forte reação no Supremo Tribunal Federal (STF) e acirrou os ânimos entre Judiciário e Executivo. A fala, feita na noite de quinta-feira (10), foi classificada por ao menos três ministros da Corte como “absurda” e capaz de comprometer a relação institucional com o governo Lula.
Durante entrevista, Gleisi — que também é presidente nacional do PT — afirmou considerar "plenamente defensável" que o Congresso Nacional debata a possibilidade de abrandar penas impostas a condenados pelos atos antidemocráticos. A declaração caiu mal no STF, onde há preocupação com o impacto político e simbólico de qualquer sinalização em favor da anistia.
Segundo apurou a coluna, ministros enxergaram a fala como um “suicídio político” e temem que o governo acabe sendo responsabilizado por uma possível derrota do projeto de anistia, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados. Há inclusive quem esteja disposto a procurar pessoalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para externar a insatisfação.
Governo tenta conter crise
Diante do mal-estar, auxiliares de Lula se mobilizaram para tentar conter a crise. Segundo fontes do Planalto, a avaliação interna é de que Gleisi teria sido “mal interpretada” e que o governo federal não endossa qualquer proposta de revisão de penas. Interlocutores também reforçaram que o presidente dificilmente apoiaria um projeto de anistia nos moldes defendidos por parte da oposição e setores bolsonaristas.
Nos bastidores, integrantes do Executivo atribuem a fala de Gleisi a pressões políticas. Segundo aliados, a ministra estaria sendo cobrada por lideranças da Câmara, especialmente pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e por figuras como Hugo Motta (Republicanos-PB), para abrir margem a algum tipo de concessão que amenize o desgaste entre parlamentares bolsonaristas e o governo.
Enquanto isso, o projeto de anistia ganha fôlego no Congresso. O requerimento para que o texto tramite em regime de urgência já obteve as 257 assinaturas necessárias, e a oposição pressiona para votá-lo em breve. Petistas, por sua vez, já admitem nos bastidores que a derrota pode ser inevitável — e buscam evitar que ela respingue diretamente no Palácio do Planalto.
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