O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou, na tarde desta terça-feira (8), para o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), orientando-o a deixar o cargo após a denúncia formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção. A informação foi divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto.
Segundo nota oficial, Lula solicitou que o ministro licenciado se afaste para exercer sua defesa "fora do governo". “O presidente Lula telefonou, no início da tarde desta terça-feira (8), para o ministro Juscelino Filho e o orientou a pedir demissão, para que possa fazer sua ampla defesa fora do governo”, afirmou a Secom.
Mais cedo, às 19h20, Juscelino publicou uma carta aberta em que oficializou sua saída. No documento, o agora ex-ministro agradeceu o "apoio incondicional" de Lula e disse que sua decisão é uma demonstração de respeito ao governo e ao povo brasileiro, além de uma forma de preservar o projeto político da atual gestão.
Reunião de emergência e decisão antecipada
Antes do telefonema do presidente, Juscelino participou de um almoço convocado às pressas pelo presidente de seu partido, Antonio Rueda, e pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. O encontro, inicialmente agendado há 15 dias, foi ampliado diante da denúncia da PGR. Também estiveram presentes o ministro do Turismo, Celso Sabino, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA).
Durante a reunião, Juscelino anunciou que deixaria o cargo ainda na terça-feira, justificando a decisão como um gesto para evitar constrangimentos ao governo e garantir sua defesa em liberdade.
As acusações
Juscelino Filho foi denunciado pela PGR sob acusação de corrupção, fraude em licitações e participação em organização criminosa. A investigação aponta que, enquanto deputado federal pelo Maranhão, ele teria participado de um esquema de desvio de R$ 7,5 milhões em emendas parlamentares destinadas à pavimentação de ruas em Vitorino Freire (MA). Na época, a prefeita do município era sua irmã, Luanna Rezende.
A empresa contratada para a obra foi a Construservice, cujo dono de fato, segundo a Polícia Federal, seria o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador — amigo próximo de Juscelino e acusado de pagar propinas a servidores públicos para garantir contratos.
O ministro foi indiciado pela Polícia Federal em junho de 2024 pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Defesa alega inocência
Em nota divulgada nesta terça-feira, os advogados de Juscelino, Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Francisco Agostini, afirmam que ainda não foram formalmente notificados da denúncia e criticam o que chamam de “punitivismo midiático”. “O oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o Ministério Público pautar o país”, dizem os defensores.
A nota ressalta que as emendas foram indicadas por Juscelino, mas que a responsabilidade pela licitação, execução e fiscalização das obras cabe ao Poder Executivo municipal. Os advogados também reafirmam a confiança do ex-ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramitará o processo.
União Brasil mantém apoio
Em nota assinada por seu presidente nacional, Antonio Rueda, o União Brasil declarou apoio ao ex-ministro, afirmando que “denúncia não é sinônimo de culpa” e criticando qualquer tentativa de pré-julgamento. O partido afirmou confiar na integridade de Juscelino e destacou que ele não teve oportunidade de se manifestar antes da denúncia.
A legenda, no entanto, adotou um tom mais cauteloso do que em junho de 2024, quando insinuou possível parcialidade na atuação da Polícia Federal.
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