Um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) tem gerado forte repercussão ao propor a criação de um espaço público onde usuários de substâncias como álcool, maconha e crack possam fazer uso supervisionado das drogas, com acompanhamento clínico, jurídico e psicossocial.
Batizado de “Espaço de Uso Seguro de Substâncias Psicoativas”, o local contaria com estrutura para atender usuários com serviços de saúde, lavanderia, acesso à internet e atividades culturais. O projeto prevê um custo de R$ 1,2 milhão ao longo de 12 meses.
Modelo inspirado em experiências internacionais
Segundo o texto, a proposta se baseia em modelos adotados em países como Canadá, Alemanha e Espanha, onde espaços semelhantes teriam contribuído para redução de danos, fortalecimento de vínculos sociais e prevenção de overdoses. Suplicy defende que “tratamentos baseados apenas na abstinência nem sempre são eficazes”, e que o enfrentamento ao uso de drogas precisa ir além da repressão policial.
O projeto não propõe a legalização ou descriminalização das drogas, o que poderia gerar conflitos com a legislação atual. De acordo com o texto, as substâncias seriam levadas ao espaço pelos próprios usuários, de forma independente.
Reações negativas e críticas de autoridades
A proposta foi recebida com críticas por políticos e parte da sociedade. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), criticou duramente a ideia e afirmou que a prioridade deve ser evitar o uso de drogas, não incentivá-lo. “Isso é apologia. Temos que trabalhar para que as pessoas deixem de usar drogas, não o contrário”, disse.
Além disso, o projeto reacende o debate sobre políticas de drogas no Brasil e no mundo. Críticos apontam experiências malsucedidas no exterior, como o caso de Portugal, onde, segundo artigo do The Washington Post de 2023, o número de usuários e de overdoses teria aumentado após a descriminalização. O estado de Oregon, nos EUA, também adotou política similar em 2021, mas enfrenta desafios de implementação e aumento da presença de drogas em espaços públicos.
Em debate: inclusão social ou incentivo ao uso?
Suplicy argumenta que o espaço pode promover inclusão social, redução de danos e reaproximação familiar, ajudando pessoas em situação de vulnerabilidade a se reconectar com a rede de assistência social. No entanto, opositores veem na proposta um risco de institucionalizar o uso de drogas, além de gerar dúvidas sobre sua eficácia prática e legalidade.
A tramitação do projeto na Alesp deve mobilizar audiências públicas e debates técnicos nas próximas semanas.
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