A concentração promovida neste domingo (6 de abril de 2025) na Avenida Paulista, em São Paulo, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reuniu aproximadamente 44,9 mil pessoas, segundo análise técnica feita pelo Monitor do Debate Político do Cebrap em colaboração com a ONG More in Common. A estimativa foi calculada com base em imagens aéreas capturadas por drones e processadas por um software especializado em análise de multidões com uso de inteligência artificial.
A contagem, realizada no auge da manifestação às 15h44, utilizou o método Point to Point Network (P2PNet), desenvolvido por cientistas da Universidade de Chequião, na China, em parceria com a empresa Tencent. O sistema foi treinado com conjuntos de dados fornecidos pela Universidade de Xangai e pela Universidade de São Paulo, permitindo identificar e contabilizar pessoas em áreas de grande densidade populacional com uma taxa média de precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%.
Para garantir a exatidão, foram feitas 47 imagens em três horários distintos — 14h05, 14h42 e 15h44 — sendo que nove fotografias do horário de pico foram selecionadas para análise detalhada. O processo envolveu a detecção automática das cabeças dos participantes nas fotos, permitindo uma contagem com margem de erro de 12%, para mais ou para menos.
Três semanas antes, em outro ato liderado por Bolsonaro no Rio de Janeiro, cerca de 18,3 mil pessoas compareceram, segundo a mesma metodologia.
Bolsonaro defende perdão e afirma que Judiciário influenciou eleições
Durante o evento, Bolsonaro voltou a defender a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele alegou que existem expectativas de mobilização internacional em apoio à medida e destacou o papel de seu filho, Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos, como articulador de contatos com lideranças estrangeiras.
Também abordou a situação de Filipe Martins, ex-assessor acusado de participação na redação de documentos que sugeririam um golpe de Estado. Bolsonaro indicou que autoridades americanas deverão iniciar investigações sobre o caso e ouvirão Martins na próxima quarta-feira (9).
Crítico do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente direcionou ataques ao ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de ter tomado decisões que prejudicaram sua campanha em 2022. Segundo Bolsonaro, houve impedimentos para a veiculação de conteúdos eleitorais que poderiam ter prejudicado seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele sugeriu que medidas adotadas pelo Judiciário configurariam uma interferência no pleito.
“Foi um golpe deles. Impediram a exibição de imagens comprometedoras do Lula durante a campanha. Restringiram nossa comunicação com o eleitor”, afirmou Bolsonaro, que também acusou o TSE de influenciar o voto juvenil com campanhas para emissão de títulos entre menores de idade — grupo que, segundo ele, tende a votar majoritariamente na esquerda.
O ex-presidente ainda declarou que sua saída do Brasil em novembro de 2022 evitou que fosse detido após os acontecimentos de janeiro de 2023. “Se eu tivesse permanecido aqui, certamente teria sido encarcerado ou até eliminado”, disse.
Avanço político em torno da anistia
Ao lado de Bolsonaro, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) declarou que o projeto de lei que propõe a anistia já reúne 162 assinaturas, número que, segundo ele, deve alcançar as 257 necessárias para acelerar a tramitação. Ele afirmou que a lista com os nomes e imagens dos parlamentares que apoiam a proposta será publicada para que os eleitores reconheçam seu posicionamento.
“Nada nos impedirá até que a anistia seja aprovada. Vamos divulgar quem está conosco e quem ainda está em cima do muro”, declarou.
Histórico de mobilizações
Desde que deixou o Palácio do Planalto, Bolsonaro já participou de cinco grandes manifestações. A mais recente havia sido em março de 2025, em Copacabana, com público estimado em 26 mil pessoas. Outros eventos expressivos ocorreram em fevereiro e setembro de 2024, ambos na Avenida Paulista, com públicos de até 350 mil pessoas, segundo organizadores.
Este ato em São Paulo marca sua primeira aparição pública após tornar-se réu no Supremo Tribunal Federal, ao lado de antigos aliados, sob acusações de tentativa de golpe e ameaça ao Estado democrático de Direito.
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