O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém em andamento mais de 80 inquéritos para apurar possíveis irregularidades no uso de emendas parlamentares ao Orçamento da União. A informação foi repassada pelo ministro Flávio Dino a deputados federais durante um encontro reservado. O magistrado enfatizou a necessidade de transparência nos repasses e justificou as decisões da Corte que impuseram bloqueios a determinados pagamentos.
A revelação acontece em meio a um acordo entre os Três Poderes para destravar parte dos recursos que estavam paralisados por decisão do STF. No entanto, Dino destacou que o entendimento firmado não significa o arquivamento das investigações sobre possíveis desvios e mau uso do dinheiro público. "Não prejudica os inquéritos e ações judiciais em que se analisam eventuais casos específicos de práticas ímprobas", afirmou o ministro em sua decisão.
Os inquéritos, mantidos sob sigilo e distribuídos entre diferentes ministros do STF, investigam o destino de recursos orçamentários destinados a municípios, entidades do terceiro setor e outras organizações. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) seguem com auditorias sobre a aplicação das verbas. Entre os problemas identificados estão a incapacidade técnica de ONGs para administrar os valores recebidos e atrasos em obras financiadas por emendas parlamentares.
O ministro Gilmar Mendes também confirmou a existência das investigações durante um encontro com jornalistas, embora tenha minimizado a possibilidade de um grande escândalo similar à Operação Lava Jato. "Óbvio que isso tem consequências. Não se pode generalizar e dizer que todos operam de maneira indevida, mas há investigações em andamento", pontuou.
Apesar do clima mais ameno após a liberação parcial dos recursos, a tensão entre o Congresso e o STF continua. Parlamentares demonstram resistência às novas regras de transparência e rastreabilidade dos repasses. O Congresso se comprometeu a divulgar os nomes dos responsáveis por cada emenda, como forma de aumentar a transparência e evitar novos embates com a Suprema Corte.
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