No próximo dia 16 de março, manifestações a favor do impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva acontecerão em todas as capitais brasileiras e em centenas de cidades pelo país. O evento, que surge como um marco na oposição ao atual governo, também escancara a derrocada de Jair Bolsonaro como líder incontestável da direita.
Apesar de todo o esforço do ex-presidente em tentar mudar o sentido das manifestações, sua influência não foi suficiente para barrar a revolta popular. Bolsonaro fez apelos para que os atos não ocorressem em outros locais do Brasil, insistiu que o impeachment de Lula não deveria ser pauta e tentou desmobilizar a população. No entanto, seu pedido foi amplamente ignorado, revelando a fragilidade de sua atual posição política.
A realidade é que Bolsonaro está perdendo espaço dentro da própria direita. Os protestos massivos do dia 16 são uma prova concreta de que a direita brasileira não tem dono. O ex-presidente, que um dia foi a figura central do movimento conservador, agora assiste à sua base se fragmentar e se distanciar de suas orientações.
Outro ponto que contribui para a deterioração da imagem de Bolsonaro é sua postura contraditória em relação aos manifestantes do dia 8 de janeiro. Agora, ele se diz defensor da anistia, mas essa narrativa é uma falácia. Logo após os acontecimentos, em entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente classificou os manifestantes como "bobos da corte", descartando qualquer apoio real àqueles que foram às ruas em seu nome.
Além disso, a postura de Bolsonaro nos meses que antecederam a posse de Lula também é motivo de questionamento. Durante novembro e dezembro de 2022, quando multidões acampavam na frente dos quartéis clamando por intervenção militar, Bolsonaro poderia ter encerrado o movimento e pedido para que seus apoiadores voltassem para casa. No entanto, preferiu manter esse cenário absurdo, usando-o como moeda de troca para barganhar com o sistema. Esse comportamento demonstra que Bolsonaro nunca esteve verdadeiramente comprometido com sua base, mas sim com seus próprios interesses políticos.
Enquanto a manifestação nacional do dia 16 se volta contra Lula, Bolsonaro fará um ato isolado no Rio de Janeiro, com o apoio de Silas Malafaia, mas sem defender o impeachment do petista. Em vez disso, ele pedirá anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, uma estratégia que, na realidade, busca apenas evitar sua própria prisão. Esse movimento deixa ainda mais evidente sua preocupação central: salvar a si mesmo, e não lutar genuinamente por sua base de apoiadores.
A manifestação de 16 de março não será apenas uma crítica ao governo petista, mas também um recado claro de que a direita não aceitará ser conduzida por um líder enfraquecido e que age de acordo com suas conveniências. A perda de apoio de Bolsonaro dentro do movimento conservador se intensifica, e seu derretimento político é cada vez mais evidente. Os protestos não são apenas contra Lula, mas também um reflexo do esgotamento da paciência da direita com um líder que falhou em se manter fiel a seus princípios e seguidores.
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