Uma empresa contratada pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) durante sua campanha de 2022 foi mencionada na Operação Errata, conduzida pela Polícia Federal (PF). A investigação busca esclarecer possíveis desvios na aquisição de livros didáticos pela Prefeitura de Belford Roxo (RJ), administrada por seu marido, o prefeito Waguinho (Republicanos-RJ).
A deputada foi reeleita com 213.706 votos, mas, em 2023, assumiu o Ministério do Turismo a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sete meses depois, foi exonerada em meio a uma reconfiguração política no Congresso. Enquanto isso, a PF aprofundava a apuração de contratos que somam R$ 100 milhões firmados pela prefeitura entre 2017 e 2024, período majoritariamente sob a administração de Waguinho.
Documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtidos pela Operação Errata, revelam que a Lastro Indústrias Gráficas recebeu aproximadamente R$ 5,7 milhões da Editora Soler, fornecedora de livros para a prefeitura e alvo de buscas da PF. Segundo os investigadores, a Soler não tinha funcionários desde 2016, mas firmou contratos de R$ 53 milhões com a gestão de Waguinho entre 2019 e 2023.
A Lastro Indústrias Gráficas também aparece na prestação de contas de campanha de Daniela, tendo recebido R$ 64 mil. Além disso, outra empresa citada na investigação é a Rubra Editora e Gráfica, que, assim como a Lastro, tinha João Morani Veiga como sócio. Veiga, alvo da operação, teria sacado ao menos R$ 900 mil em espécie das contas da Rubra, conforme apontou o Coaf.
A Rubra foi a principal beneficiária da campanha da deputada, recebendo R$ 561 mil em 2022. Atualmente, tanto a Lastro quanto a Rubra têm como sócio Filipe de Souza Pegado. A Rubra também teria recebido R$ 2 milhões do Fundo Municipal de Saúde e outros R$ 3 milhões da prefeitura de Belford Roxo.
Em janeiro de 2023, uma reportagem revelou que a Rubra utilizava como endereço um escritório de coworking no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. No local, a informação era de que o espaço servia apenas para recebimento de correspondências, sem estrutura para operar como uma gráfica.
A nomeação de Daniela ao Ministério do Turismo ocorreu após Waguinho declarar apoio a Lula no segundo turno das eleições de 2022, apesar de sua aliança anterior com Jair Bolsonaro (PL). O cargo fazia parte da cota do União Brasil na composição do governo, que buscava consolidar sua base no Congresso.
Poucos meses depois, a então ministra rompeu com o União Brasil, alegando sofrer pressões internas. A crise no partido levou à sua substituição por Celso Sabino (União Brasil-PA) em julho de 2023. De volta à Câmara, Daniela foi oficializada como vice-líder do governo Lula no Congresso em setembro do mesmo ano.
As investigações da Operação Errata seguem em andamento, com novas diligências da PF para esclarecer os desdobramentos do suposto esquema de desvios na prefeitura de Belford Roxo.
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