É vergonhoso ver pessoas que se dizem de direita, que passaram anos bradando contra a corrupção e a impunidade, agora defenderem o fim da Lei da Ficha Limpa apenas para beneficiar Jair Bolsonaro. A mesma "direita" que exigia punições severas para políticos corruptos agora faz ginástica mental para justificar uma mudança que abriria as portas para a volta de uma legião de criminosos ao poder.
A inelegibilidade de Bolsonaro até 2030 teve, sim, um caráter de perseguição política. Mas isso não justifica um ataque direto a um dos maiores avanços no combate à corrupção no Brasil. Em vez de buscar uma solução legítima para seu próprio caso, Bolsonaro e seus aliados estão dispostos a destruir um mecanismo que impede a candidatura de políticos corruptos condenados.
Bolsonaro se elegeu prometendo romper com a velha política, mas hoje está completamente submisso a ela. Seu apoio a figuras como Davi Alcolumbre (União Brasil) e Hugo Motta (Republicanos), dois caciques do Centrão envolvidos em escândalos, mostra que qualquer princípio pode ser descartado em nome de um projeto de poder. Enquanto seus seguidores tentam justificar essa aliança, a verdade é que Bolsonaro está mergulhado no jogo que dizia combater. Ele não busca apenas sua reabilitação política, mas sim uma mudança que permitirá que criminosos condenados voltem a disputar eleições.
Se a Lei da Ficha Limpa acabar, Bolsonaro não será o único beneficiado. Políticos como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e tantos outros poderão voltar a concorrer, enfraquecendo ainda mais a já desgastada credibilidade do sistema político brasileiro.
A pergunta que fica é: a direita está disposta a jogar fora qualquer resquício de coerência apenas para favorecer um único nome? Se essa traição aos princípios se concretizar, ficará provado que o discurso moralista nunca foi sobre combater a corrupção, mas apenas um jogo de poder pessoal.
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