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Bolsonaro, Alcolumbre e Hugo Motta: acordos escusos com o centrão e a traição à direita

Ex-presidente abandona discurso de renovação e apoia figuras que reforçam compromissos com Lula, indignando sua base conservadora
Por: Lorran Lima 03.fev.2025 às 15h42
Bolsonaro, Alcolumbre e Hugo Motta: acordos escusos com o centrão e a traição à direita
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Jair Bolsonaro, que construiu sua carreira política com um discurso contrário ao sistema tradicional, causou revolta ao declarar apoio ao senador Davi Alcolumbre (União-AP) e ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para cargos estratégicos no Congresso. Ambos são figuras próximas ao Centrão e alinhadas ao governo Lula, o que gerou indignação na base conservadora, que vê o ex-presidente traindo seus princípios em nome de interesses próprios.

Apoio Sem Garantias e o Desprezo pela Anistia aos Envolvidos nas Manifestações de 8 de Janeiro

Uma das questões que mais indignou os apoiadores de Bolsonaro foi a ausência de qualquer compromisso por parte de Alcolumbre em pautar a anistia dos envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro. Para muitos conservadores, essa pauta é fundamental e um símbolo de resistência ao que consideram perseguição política por parte das instituições.

Recentemente, Alcolumbre deixou claro que não pretende abrir essa discussão. Fontes próximas ao Congresso indicaram que o senador tem como prioridade preservar a estabilidade institucional e evitar embates com o Supremo Tribunal Federal (STF), que já condenou diversos participantes dos atos. "A anistia não está na minha agenda. Precisamos seguir em frente com pautas que tragam estabilidade ao país", teria afirmado o senador a interlocutores.

A falta de garantias nessa questão sensível escancarou a fragilidade do acordo de Bolsonaro com Alcolumbre, que aparentemente beneficiou apenas os interesses pessoais do ex-presidente.

Hugo Motta e o Reforço do Compromisso com Lula

Após a vitória nas articulações políticas, tanto Alcolumbre quanto Hugo Motta não demoraram a se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. O encontro foi visto como uma demonstração clara de alinhamento com o governo petista. Durante a reunião, Alcolumbre teria reafirmado seu compromisso com a agenda do Planalto, gerando críticas ainda mais duras de aliados bolsonaristas.

"Hugo Motta e Alcolumbre não apenas venceram com o apoio de Bolsonaro, mas agora reforçam o compromisso com Lula. O ex-presidente entregou de bandeja a vitória para aqueles que deveriam ser seus adversários", criticou um ex-aliado.

Interesses Pessoais Acima de Compromissos Ideológicos

A decisão de Bolsonaro em apoiar figuras como Alcolumbre e Motta foi interpretada por analistas políticos como uma estratégia puramente pragmática e movida por interesses pessoais. Com sua popularidade abalada e aliados enfrentando investigações, o ex-presidente parece buscar preservar influência no Congresso para proteger seu entorno político.

"Apoiar Alcolumbre, mesmo sabendo que ele não pautará a anistia dos envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro, mostra que Bolsonaro está disposto a abdicar de suas promessas para salvar a própria pele", afirmou um cientista político.

Revolta da Base Conservadora e a Perda de Liderança

Nas redes sociais, a base conservadora reagiu com indignação. Influentes comentaristas políticos e figuras próximas ao bolsonarismo acusaram o ex-presidente de traição. "Ele jurou combater o Centrão e agora está se aliando aos mesmos candidatos que Lula apoia. É uma traição ao eleitor conservador", criticou um influente analista político.

A insatisfação entre a direita já provoca movimentações para a busca de novas lideranças. Deputados como Nikolas Ferreira e Carla Zambelli começam a disputar espaço em um campo que se sente órfão após o pragmatismo bolsonarista.

A Contradição com o Discurso Antissistema

Durante sua ascensão política, Bolsonaro se apresentou como uma alternativa ao "toma-lá-dá-cá" e ao pragmatismo tradicional de Brasília. No entanto, sua trajetória foi marcada por concessões ao Centrão e alianças controversas que colocaram em xeque sua promessa de renovação.

Com a escolha de apoiar Alcolumbre e Hugo Motta — figuras que reforçam compromissos com Lula —, Bolsonaro se distancia cada vez mais de seu discurso inicial e arrisca perder o protagonismo político entre conservadores.

O Fim do Mito de Renovação Política?

A recente aliança com nomes apoiados por Lula escancara uma verdade incômoda: Bolsonaro sucumbiu ao pragmatismo político que sempre criticou. Para muitos, essa contradição representa o fim do mito de renovação política que o ex-presidente um dia personificou.

Com Alcolumbre e Hugo Motta reforçando compromissos com Lula, a direita enfrenta um momento de crise e reinvenção — enquanto Bolsonaro luta para manter um protagonismo que parece cada vez mais distante.



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