O Brasil enviará sua embaixadora em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, para a posse de Nicolás Maduro nesta sexta-feira (10.jan.2025), quando ele iniciará seu terceiro mandato de seis anos. A decisão foi confirmada após declarações de Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, que explicou à CNN Brasil que a presença da embaixadora cumpre "o ritual diplomático de relação entre Estados."
Apesar dessa representação oficial, o governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória de Maduro nas eleições de 2024. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou em agosto que Maduro "ainda deve uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo" a respeito do pleito. A eleição de 28 de julho foi marcada por controvérsias, como o impedimento da principal líder da oposição, María Corina, de participar do processo eleitoral, além da alegada falta de transparência na divulgação dos resultados, o que gerou críticas internacionais.
Maduro, por sua vez, demonstrou descontentamento com o Brasil após o país ter vetado a entrada da Venezuela no Brics, atitude considerada por Caracas como uma "agressão." O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela acusou o governo de Lula de manter “o pior” do legado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ausência de um representante hierarquicamente superior à embaixadora do Brasil na posse de Maduro reflete o distanciamento e a insatisfação do governo brasileiro com o processo eleitoral na Venezuela. A decisão de enviar a embaixadora, no entanto, demonstra que o Brasil ainda mantém relações diplomáticas com o país, embora continue contestando a legitimidade das eleições.
A situação política na Venezuela segue tensa, com o regime de Maduro sendo descrito por diversos observadores internacionais como autocrático. A repressão à oposição, a falta de liberdade de imprensa e as alegações de violação dos direitos humanos geraram uma série de críticas por parte de organizações como a Human Rights Watch e a Organização dos Estados Americanos (OEA).
O governo brasileiro, por sua vez, tem evitado adotar uma postura mais dura em relação à Venezuela, o que tem sido criticado por outros países e organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch, em carta enviada a Lula, Petro e López Obrador em agosto de 2024, pediu que reconsiderassem suas posições sobre o regime de Maduro, denunciando a falta de democracia nas eleições venezuelanas.
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