A Justiça Federal autorizou a abertura de um inquérito da Polícia Federal (PF) para investigar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) no caso da máfia das creches, que apura desvios de R$ 1,5 bilhão do ensino infantil na capital paulista.
A informação foi confirmada na noite desta terça-feira (19). A defesa de Nunes nega que ele tenha relação com o esquema e declarou, em nota, estar “inconformada com a decisão que permitiu a arbitrária continuidade das investigações procedidas pela Polícia Federal”.
Os advogados do prefeito também disseram que entrarão com um habeas corpus para tentar trancar o inquérito. Nunes já vinha tentando arquivar as investigações. Ele entrou na mira da PF por ter recebido valores de uma das empresas suspeitas de envolvimento no esquema.
Em julho deste ano, a PF indiciou 116 pessoas por suspeita de participação na máfia das creches, que ocorreu entre 2016 e 2020. Nunes, que era vereador à época, não foi indiciado no inquérito, mas tanto a PF quanto o Ministério Público Federal (MPF) haviam pedido à Justiça para continuar investigando o prefeito e a Nikkey, empresa no nome da mulher da filha dele e implicada no esquema.
“Exaustivamente, durante cinco anos, diversas pessoas foram investigadas e indiciadas, se descartando qualquer ato, direto ou indireto, que pudesse relacionar o prefeito aos fatos. Por isso, se impetrará habeas corpus perante as Cortes e instâncias Superiores visando o trancamento do citado inquérito policial, seja pela patente ausência de indícios, excesso e, em especial, pela absoluta falta de justa causa para seu prosseguimento”, diz a nota assinada por Daniel Bialski, advogado de Nunes.
A Prefeitura de São Paulo, em nota, afirma que “nada se comprovou” contra Nunes e que “é de se estranhar tal decisão num processo em que o prefeito já prestou todos os esclarecimentos às autoridades”. O texto também reitera que não há relação entre Nunes e sua empresa com o esquema da máfia das creches.
Nas eleições deste ano, que terminaram com a reeleição de Nunes, o tema foi utilizado pelos adversários do prefeito para atacá-lo.
Levantamento feito pelo Metrópoles mapeou 34 entidades administradoras de creches conveniadas do município que são ligadas a pessoas indiciadas pela PF por suspostamente integrarem o esquema — elas controlam 131 unidades e, juntas, ganham R$ 300 milhões por ano da Prefeitura.
Na maioria dos casos, presidentes, ex-presidentes ou pessoas da direção das entidades são suspeitas de desviar dinheiro que deveria ser usado para compra de comida ou materiais para as crianças, por meio de empresas que fornecem notas fiscais frias. Esses fornecedores recebiam o dinheiro das ONGs e, depois, devolviam parte dele em contas pessoais ou de empresas.
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