O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes abriu inquérito contra Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, do Tribunal Superior Eleitoral. A decisão se dá depois de mensagens entre Tagliaferro e o juiz do Supremo Airton Vieira indicarem o uso extraoficial da Corte Eleitoral por parte do magistrado.
Moraes é citado nas conversas obtidas pela Folha de S.Paulo, que também mostram o recebimento de dados sigilosos da Polícia Civil de São Paulo pelo chefe do órgão do TSE (entenda mais abaixo o caso). Agora, o ministro será o responsável por analisar o caso dos vazamentos das mensagens e determinar eventuais medidas cautelares contra o seu ex-auxiliar.
O processo tramita na Corte em sigilo e, segundo informa a plataforma do STF, foi distribuído a Moraes “por prevenção” (quando o processo é enviado para o ministro “que já julgou outro processo ou recurso relacionado ao caso”).
PF INTIMA EX-ASSESSOR
A defesa Tagliaferro entrou com pedido de acesso aos autos do inquérito. Ele foi intimado para depor na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, às 14h. A mulher do ex-chefe do órgão da Corte Eleitoral e o cunhado Celso Luiz de Oliveira, o responsável por entregar o celular do ex-auxiliar à Polícia Civil de São Paulo, também devem falar à corporação.
Na petição, os advogados do ex-chefe da AEED do TSE alegam que o depoimento de Tagliaferro será prejudicado se os autos não forem disponibilizados. “Ademais, desde já, sempre reforçando a disponibilidade do Peticionário em contribuir com as investigações e a comparecer a todos e quaisquer atos aos quais restar intimado”, diz um trecho do documento.
O caso é investigado pela DIP (Diretoria de Inteligência Policial), na sede Polícia Federal em Brasília. Um delegado em missão foi destacado para cuidar da investigação.
AFASTAMENTO DE TAGLIAFERRO
O ex-chefe da AEED foi demitido do cargo em 9 de maio de 2023 depois de ter sido preso por acusação de violência doméstica em flagrante na noite de 8 de maio, em Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, depois de ameaçar a mulher.
À época, o celular dele foi apreendido pela Polícia Civil de SP e lacrado, de acordo com B.O (Boletim de Ocorrência) obtido pela Folha. O documento foi lavrado na Delegacia Seccional de Franco da Rocha. O aparelho, um iPhone 14 com chips para duas linhas, foi levado à unidade pelo cunhado de Tagliaferro, Celso Luiz de Oliveira, e devolvido em 15 de maio.
“Afirma o declarante que o referido aparelho é de uso pessoal de Eduardo, bem como de uso profissional, possuindo dois chips. Referido aparelho foi devidamente desligado nesta delegacia visando preservar seu conteúdo, não possuindo o declarante a sua senha de acesso”. Ao final, há uma declaração dizendo ‘Aparelho apreendido sob o lacre’”, diz o documento, segundo a reportagem do jornal.
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