"Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso?”, diz Datena

Convenção para ser oficializada a candidatura de Datena à Prefeitura de São Paulo está prevista para o próximo sábado, 27
Por: Brado Jornal 23.jul.2024 às 10h17
Reprodução/TV Bandeirantes

A 4 dias da convenção do PSDB que pretende sacramentar o nome do candidato do partido à prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições de outubro deste ano, o ex-apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena voltou a colocar em dúvida a decisão de disputar a corrida eleitoral na maior cidade do Brasil.

Pré-candidato tucano à sucessão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição, Datena comparou a sua situação no PSDB à do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, do Partido Democrata, que desistiu de ser candidato ao segundo mandato, em comunicado divulgado no último domingo (21).

Em eleições anteriores, para diversos cargos, Datena chegou a afirmar que seria candidato, mas acabou desistindo na última hora. Em 2020, ele esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.

Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia lhe pedido para permanecer na emissora. O jornalista já passou por 11 partidos em sua trajetória política. Antes de trocar o PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – em uma verdadeira “montanha-russa” partidária.

“Até eu desconfio [da própria candidatura a prefeito]. Se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo”, disse Datena, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

“Quem foi atrás de cargo, emenda, dinheiro, esses já foram [embora do PSDB], mas deixaram alguns ali dentro para atrapalhar minha candidatura, inclusive a convenção. Tenho confiança na executiva nacional, no Marconi [Perillo], no Aécio [Neves], apesar de termos tido discussões lá atrás, e no José Aníbal. Mas os principais tiros que levei foram de dentro do partido”, prosseguiu Datena, reclamando do chamado “fogo amigo” tucano.

“Por exemplo, foi um cara falar sobre trânsito na Rádio CBN me representando e disse: ‘O Datena está errado’ [ao se opor a mais radares de velocidade na cidade de São Paulo]. Por que eu sou contra radar? Isso não é com o objetivo de educar o povo e reduzir acidentes. Se o partido quiser que eu seja candidato, ele que demonstre. Você viu a convenção do Lula?”, indagou o pré-candidato do PSDB, referindo-se à convenção do PSOL que confirmou a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos à prefeitura, com o apoio do PT e a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Era a convenção do Lula, depois da Marta [Suplicy], depois do Boulos. A do Ricardo Nunes vai ser do [Jair] Bolsonaro, depois do Tarcísio [de Freitas], depois dele”, afirmou Datena.

“O Ricardo Nunes parece uma marionete do Bolsonaro e do Tarcísio. O Boulos, a mesma coisa. Não é possível essa polarização continuar. Eu gostaria de ter uma convenção igual à deles. Vai ser tudo por aclamação. Não foi lá? O maior festão.”

Questionado se pretendia ser aclamado na convenção do PSDB, marcada para sábado (27), Datena disse esperar “ser aclamado pelo voto do povo” em outubro. “Está tudo certo morrer com um tiro no peito vindo do PCC ou de quem quer que seja, porque não vou usar colete à prova de balas. Mas morrer com um tiro nas costas dentro do partido? Não precisa me aclamar, mas também não precisa atirar pelas costas”, criticou o ex-apresentador.

“É só ver. Boa parte do partido debandou para o Ricardo Nunes. Dinheiro e cargo. Há alguns dias trocaram a federação [PSDB-Cidadania] inteira de São Paulo. Eu fiquei sabendo depois. Mesmo assim, continuaram essas críticas idiotas, que só podem vir do intestino do partido”, afirmou Datena.

Na entrevista, o jornalista garantiu que, de 0 a 10, sua vontade de ser candidato à prefeitura de São Paulo é 10. Mesmo assim, não assegurou que disputará o pleito. “Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou. Essas convenções vão ser por aclamação e com gente pesada. Se a nossa for porrada para todo lado, no que vai me ajudar?”, questionou.



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