O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) omitiu da Procuradoria Geral da República a existência de um áudio da reunião ocorrida em 25 de agosto de 2020 com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir estratégias para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) do caso das “rachadinhas” (repasse de salário). Na época, o congressista era chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Em 2020, depois da divulgação de reportagens na imprensa, a PGR passou a apurar as suspeitas de que a Abin estivesse sendo usada para ajudar na defesa de Flávio. Segundo o portal UOL, Ramagem não citou o áudio da gravação ao prestar esclarecimentos no caso, que foi arquivado em fevereiro de 2022.
Em 2020, o cargo de procurador-geral da República era ocupado por Augusto Aras. Ele pediu explicações por escrito a Ramagem, a Augusto Heleno –então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)–, à defesa de Flávio e ao veículo de comunicação que revelou o caso.
Sem mencionar a existência de uma gravação, Ramagem declarou que a reunião era para tratar da segurança da família presidencial.
O UOL procurou a assessoria de Ramagem, mas não houve resposta sobre o porquê de o congressista não ter enviado a gravação à PGR, em 2020.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes retirou na 2ª feira (15.jul.2024) o sigilo do áudio da reunião realizada em 25 de agosto de 2020. Além de Bolsonaro e Ramagem, estiveram presentes o então ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, e duas advogadas de Flávio.
A gravação foi encontrada pela PF (Polícia Federal) durante as investigações da “Abin paralela”, que apuram o uso da estrutura do órgão para vigiar autoridades, como congressistas e ministros do Supremo e jornalistas, ilegalmente. Segundo a corporação, o áudio foi feito pelo próprio Ramagem.
Em nota, o senador afirmou que o áudio mostra “apenas” as advogadas “comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar” a família Bolsonaro. Sem detalhar, disse que medidas foram tomadas.
“O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da Justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente”, disse.
Leia abaixo a íntegra da nota:
“Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da Justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente.”
Por meio de seu perfil no X (antigo Twitter), Ramagem afirmou, em vídeo, que Bolsonaro sabia que estava sendo gravado na ocasião. “Essa gravação não foi clandestina, havia o aval e o conhecimento do presidente”, disse.
“A gravação aconteceu porque veio uma informação de uma pessoa que viria para a reunião, que teria contato com o governador do Rio, à época, e que poderia vir com uma proposta nada republicana. A gravação, portanto, seria para registrar um crime contra um presidente da República. Só que isso não aconteceu e a gravação foi descartada”, afirmou.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...