O jornalista pernambucano Laércio Portela, 53 anos, voltou a trabalhar no Palácio do Planalto a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ser lembrado pelo chefe do Executivo como o “menino do Franklin Martins”. Pela relação de proximidade construída com o petista em governos anteriores, tornou-se ministro interino da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, cargo ocupado por seu mentor no 2º mandato de Lula –e com quem trabalhou na campanha de Hugo Chávez (1954-2013) a presidente da Venezuela em 2012.
Funcionário da Secom na 2ª gestão do petista, o agora ministro interino retornou à secretaria em abril de 2023. Sua responsabilidade era lidar com a mídia regional. Logo depois, passou a secretário-adjunto. Em 15 de maio de 2024, assumiu interinamente a comunicação do governo no lugar de Paulo Pimenta, que teve de ser exonerado da função para ser nomeado titular da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul (que também tem status de ministério e passou a ser o 39º da administração lulista).
Laércio é descrito por quem o conhece como um profissional de comunicação competente e com capacidade de fazer boas análises de conjuntura. É visto também como alguém desinteressado por holofotes. Prefere atuar de maneira mais discreta, nos bastidores. Passado quase 1 mês de sua nomeação, ainda é apresentado a jornalistas. Nas primeiras semanas, preferiu se manter recluso para “tomar pé da situação”.
CAMPANHA PARA CHÁVEZ
Em 2012, Laércio integrou a equipe liderada por Franklin Martins, jornalista e ex-ministro de Lula, na campanha de reeleição de Hugo Chávez, então presidente da Venezuela. Chávez foi eleito na época para o seu 4º mandato.
Laércio foi um dos responsáveis por fazer o contato com jornalistas brasileiros e estrangeiros e por produzir conteúdo para divulgação. Ajudou também na estratégia de redes sociais, área da campanha que havia ficado sob a batuta de Martins. A atual secretária de Estratégia e Redes Sociais da Secom, Brunna Rosa Alfaia, também integrou a equipe de campanha de Hugo Chávez.
Na época, a campanha de marketing do político venezuelano foi comandada pelo marqueteiro brasileiro João Santana, por intermédio direto de Lula. Em 2017, a mulher de Santana, Mônica Moura, disse em delação premiada que Franklin Martins havia recebido caixa 2 em dinheiro vivo pela campanha de Chávez. Ela afirmou que o atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na época chanceler de Chávez, fazia os pagamentos por fora. O dinheiro era recebido diretamente por Mônica e distribuído para integrantes da campanha.
“Importante frisar, que Franklin e sua equipe foram contratados pelo partido venezuelano, também sem contrato formal, igualmente sem vínculo com a Pólis [empresa de João Santana]. Nicolás Maduro era sempre muito desconfiado, não queria entregar dinheiro em espécie para mais de uma pessoa, pelo risco da negociação. Por isso, entregava todo valor a Mônica Moura, que repassava para a mulher do Franklin Martins”, diz trecho da delação.
Laércio Portela não aparece nas delações de João Santana nem de Mônica Moura. No final, os depoimentos do casal de marqueteiros acabou resultando em nada, pois em 19 de dezembro de 2023 o ministro Edson Fachin, do STF, decidiu anular todas as condenações aplicadas a Santana e a Moura. As contundentes delações, gravadas em vídeo, ainda estão disponíveis –mas não servem para nada do ponto de vista legal, como quase toda a operação Lava Jato.
ATUAÇÃO NA SECOM
Laércio assumiu a Secretaria de Comunicação Social de maneira discreta. Até o momento em que este post foi publicado, seu nome ainda não aparecia como ministro no site da Secom –Paulo Pimenta está lá como ministro, apesar de ter saído há quase 1 mês.
Poder360
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