O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que o Congresso não foi eleito para “dizer amém ao governo”. O congressista é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líder do PSD no Senado. O partido tem a maior bancada na Casa Alta.
“O Congresso não foi eleito para dizer amém permanentemente ao que o governo quer. Se um parlamentar, com suas convicções, se dobra, vai perder a altivez”, declarou o senador em entrevista ao jornal O Globo publicada neste sábado (4).
“Mas o Congresso não faltou ao governo nas pautas econômicas: aprovamos o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, entre outros projetos. O governo foi vitorioso, mas há de convir que os parlamentares, mesmo sendo da base, como é o meu caso, têm algumas convicções na área de costumes”, completou.
Alencar disse concordar com as “respostas” do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao Executivo.
“Foi uma surpresa para nós a judicialização da desoneração. Nunca nenhum líder do governo me disse que isso ia acontecer”, disse. “Sobre os vetos, sobretudo a ‘saidinha‘, vou liberar a bancada e votar para derrubar, porque sou contra”, acrescentou.
Segundo o congressista, a relação do governo com os senadores, de maneira geral, “está bem distante”. Ele disse: “Tem muitas dificuldades nas soluções e no atendimento aos senadores da base. Isso é fato, tanto é que as votações têm sido muito difíceis e apertadas”.
Ele não quis dizer se essa dificuldade parte de Lula ou do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). “Não tenho nomes para citar, é a relação mesmo com o governo de maneira geral. Existe essa dificuldade de que as políticas públicas andem com mais celeridade”, declarou.
O senador comentou a declaração do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de que o Congresso precisa de responsabilidade fiscal. Disse que não abala a “relação política institucional” entre Legislativo e Executivo, mas criticou o ministro.
“Não vejo no ministro Haddad, por mais respeito que eu tenha pelo trabalho dele, autoridade política para dar reprimenda ao Congresso, a senadores e a deputados eleitos pelo voto livre e soberano do povo. Não cabe ao ministro da Fazenda, seja ele quem for, uma fala como aquela. A declaração foi inadequada e desnecessária”, declarou.
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