A Polícia Federal não apresentou provas concretas sobre o encontro entre Ronnie Lessa e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco. O relatório, divulgado no domingo (24), apenas pontua relatos da delação de Lessa.
No documento, a PF apresenta um relatório de estação de rádio base de Edmilson de Oliveira, conhecido como Macalé, apontado como intermediador da relação entre Lessa e Brazão. Um mapa com a distância entre a casa do conselheiro do TCE-RJ e um hotel, onde eles teriam se encontrado, também foi incluído.
A PF diz no relatório ter dificuldades para encontrar provas concretas sobre o crime, visto que o caso foi há 6 anos. Os investigadores apontam que Domingos e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, são autores intelectuais do crime.
“Diante do abjeto cenário de ajuste prévio e boicote dos trabalhos investigativos, somado à clandestinidade da avença perpetrada pelos autores mediatos, intermediários e executor, se mostra bem claro que, após seis anos da data do fato, não virá à tona um elemento de convicção cabal acerca daqueles que conceberam o elemento volitivo voltado à consecução do homicídio de Marielle Franco e, como consequência, de seu motorista Anderson Gomes”, diz a PF.
“Neste sentido, a concatenação dos fatos trazidos pelos colaboradores, notadamente Ronnie Lessa, e a profusão de elementos indiciários revestidos de um singular potencial incriminador dos irmãos Brazão são aptos a atribuí-los a autoria intelectual dos homicídios ora investigados”, completa.
Domingos Brazão foi preso no último domingo (24) durante a operação da PF que mirava os mandantes do assassinato de Marielle Franco. O deputado federal Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa também foram presos.
Em delação, Lessa disse ter sido procurado por Macalé em 2017 com a proposta de matar a então vereadora do Rio de Janeiro. Após o ex-PM aceitar a ideia, Macalé o levou a Domingos Brazão, em um local ermo próximo a um hotel na Barra da Tijuca.
Ronnie Lessa e Brazão ainda se encontraram em abril de 2018, cerca de 1 mês após a morte de Marielle Franco. No encontro, o conselheiro do TCE pediu para que Lessa se mantivesse calmo, pois a Polícia Civil iria retardar as investigações.
A defesa de Domingos Brazão nega a participação no crime. O advogado Ubiratan Guedes ainda afirmou, ao UOL, que a delação de Ronnie Lessa não tem “valor probatório”.
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