General se diz perplexo com prisão de delegado em caso Marielle

Richard Nunes bancou a nomeação de Rivaldo Barbosa para chefiar a Polícia Civil do RJ
Por: Brado Jornal 25.mar.2024 às 10h24
General se diz perplexo com prisão de delegado em caso Marielle
Os mandantes do assassinato de Marielle Franco descendo do avião da PF no aeroporto de Brasília. Foto José Cruz/ Agência Brasil

O general Richard Nunes se disse “perplexo” com a prisão do delegado Rivaldo Barbosa como um dos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes. O militar era Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro na época do crime e nomeou Barbosa como chefe da Polícia Civil em 8 de março de 2018. A posse foi em 13 de março, 1 dia antes do crime. 

“Lógico que essa prisão me deixou perplexo. Como é que pode um negócio assim? É impressionante. É um negócio de deixar de queixo caído. Naquela época, não havia nada que sinalizasse uma coisa dessas, uma coisa estapafúrdia”, declarou o general em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (25). 


Ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa foi preso no domingo (24). Além dele, outros 2 suspeitos de envolvimento no caso foram detidos: 

  • Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro;
  • Chiquinho Brazão, eleito deputado federal pelo União Brasil e expulso da legenda depois da prisão. 


Segundo Nunes, havia, na época dos assassinatos, elementos para acreditar que os responsáveis pela investigação do crime, entre eles Rivaldo, estavam no caminho certo. 

“É isso que está estranho para a minha cabeça até o momento. Se realmente houve essa procrastinação de 5 anos, não foi do Rivaldo e do Giniton [Lages]. Porque eles, com 1 ano, prenderam os caras [os executores do crime]”, declarou. 

O delegado Giniton Lages é investigado como participante do esquema para matar Marielle. Ele foi afastado das funções e terá de usar tornozeleira eletrônica. 

“Ah, mas depois se passaram 5 anos? Mas 5 anos com outra estrutura, com outras pessoas, não foram eles. Então, tem que pesar isso aí um pouquinho”, declarou o general. 

Nunes é citado no relatório da Polícia Federal sobre o assassinato de Marielle. Conforme o documento, a indicação de Rivaldo Barbosa foi bancada pelo general, apesar da contraindicação da inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio.

Lê-se no documento: “É possível inferir que a trama encabeçada por Rivaldo Barbosa […] teve o condão de ludibriar, inclusive, um general quatro estrelas do Exército Brasileiro”. 

“Eu nunca percebi, e eles até acham que me ludibriaram. Eu posso ter sido ludibriado, como a sociedade inteira, né? A sociedade inteira foi ludibriada”, declarou Nunes. 

A prisão preventiva dos 3 envolvidos na morte de Marielle foi decretada no domingo (24.mar) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, relator da ação na Corte. 


A decisão de Moraes determinou outras diligências, como:

  • busca e apreensão domiciliar e pessoal;
  • bloqueio de bens;
  • afastamento das funções públicas;
  • tornozeleira eletrônica;
  • recolhimento domiciliar noturno;
  • entrega de passaporte;
  • suspensão de porte de armas;
  • apresentação perante o juízo da execução no Rio de Janeiro.


O ministro Alexandre de Moraes determinou o levantamento do sigilo da decisão, do parecer da PGR (Procuradoria Geral da República) e do relatório final da Polícia Federal, que foram disponibilizados pelo STF.



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