O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou neste domingo (18) sobre a morte de Alexei Navalny, principal opositor do líder russo Vladimir Putin. Ao falar com jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia, o chefe do Executivo questionou o motivo da pressa em apontar um suposto responsável pela morte.
Lula foi interrogado sobre o silêncio do governo brasileiro sobre o caso. O presidente disse ser “por uma questão de bom senso”. Ele declarou: “Se a morte está sob suspeita, nós temos de, 1º, fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu. Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer ‘o cara morreu disso ou daquilo’”. E completou: “Senão, você julga agora que foi não sei quem que mandou matar e não foi. Depois, você vai pedir desculpas?”.
A morte de Nalvany foi comunicada na sexta-feira (16) pelo serviço penitenciário do distrito russo de Yamalo-Nenets, localizado na Sibéria, onde ele cumpria pena. O ativista teria se sentido mal e “perdido a consciência quase imediatamente” depois de uma caminhada. Uma equipe médica foi chamada para atendê-lo, mas não conseguiu ressuscitá-lo.
Porta-voz do ativista Alexei Navalny, a escritora Kira Yarmysh disse no sábado (17) que o corpo dele ainda não foi entregue à família. Segundo ela, a mãe e o advogado de Navalny foram ao necrotério de Salekhard para obter a liberação, mas o corpo não estava lá. Conforme Yarmish, o comitê que investiga a morte do ativista disse que o corpo não seria entregue até a conclusão dos trabalhos.
Em outra mensagem, a escritora afirmou que o ativista foi “assassinado”. Diversos líderes mundiais, entre eles o presidente dos EUA, Joe Biden, culparam a Rússia e Putin pela morte.
“Para que essa pressa de acusar alguém?”, questionou Lula. “Você sabe quantos anos eu estou esperando [para saber quem é] o mandante do crime da Marielle [Franco]? Seis. E não estou com pressa de dizer quem mandou matar. Eu quero achar [o mandante]. Quando eu achar, vou dizer: ‘foi fulano de tal’”, disse.
“Não quero especulação. Então, o cidadão morreu em uma prisão. Eu não sei se ele estava doente, se ele tinha algum problema”, continuou.
Lula citou o caso do homem que morreu durante um voo da Ethiopian Airlines que levava ministros de seu governo para Adis Abeba na quarta-feira (14). O passageiro, cujo nome, idade e nacionalidade não foram divulgados, recebeu os primeiros atendimentos a bordo, mas não resistiu. O petista não estava junto ao grupo.
“O homem morreu dentro do avião. A gente vai culpar quem? Tem de fazer a perícia para depois dizer: ‘olhe, esse homem teve tal coisa e morreu‘”, afirmou. “Porque, senão, é banalizar uma acusação”, continuou. “Eu até compreendo os interesses de quem acusa imediatamente”, declarou Lula. “Mas não é o meu mote”, finalizou.
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