O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (30) que não há “nenhum problema” na operação que apura suposta espionagem ilegal feita pela Agência Brasileira de Inteligência e que mira o vereador carioca Carlos Bolsonaro. O petista, por outro lado, disse que Jair Bolsonaro (PL) tentou “mandar” na PF (Polícia Federal) enquanto esteve na Presidência da República em benefício da própria família.
“O cidadão [Bolsonaro] foi presidente da República, lidou com a Polícia Federal e tentou mandar na Polícia Federal. Trocava superintendentes a bel-prazer, sem nenhum respeito ao que pensava o próprio diretor-geral ou o ministro da Justiça”, disse Lula.
Lula disse que, em seu mandato, a prática mudou e o governo deixou de fazer supostas ingerências na corporação.
“O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Você tem um processo de investigação, você tem decisão de um ministro da Suprema Corte, que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má-fé pela Abin, dos quais o delegado que era responsável era ligado à família Bolsonaro, e a PF foi cumprir um mandado judicial. Não vejo nenhum problema anormal”, declarou.
Lula disse esperar que os investigados na operação tenham o direito à presunção de inocência, o que, segundo o petista, não foi o seu caso na época das investigações da operação Lava Jato. Ele foi preso em 2018 no caso do triplex em Guarujá (SP) por ordem do então juiz Sergio Moro. Passou 580 dias presos e foi solto em 2019 depois que o STF proibiu a prisão após condenação em 2ª Instância e decidir que todos têm direito a responder em liberdade até que todos os recursos sejam examinados.
“O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas tenham o direito da presunção da inocência, que eu não tive. Acho que as pessoas que não devem, não temem”, declarou Lula na entrevista.
Na terça-feira (29), agentes da PF foram à casa da família Bolsonaro em Angra dos Reis e em outros endereços ligados a Carlos Bolsonaro para cumprir um mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A PF investiga se Carlos recebia informações ilegais da Abin. As supostas irregularidades teriam sido feitas durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin no governo de Bolsonaro. Na semana passada, em uma operação relacionada, a PF mirou o próprio Ramagem.
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