Diante da reação negativa do mercado e da opinião pública, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desistiu de tentar emplacar o nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cargo de CEO da mineradora Vale.
O presidente foi convencido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que a insistência no nome estava provocando reações negativas. Mantega foi ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Seu nome ficou associado às chamadas “pedaladas fiscais” que levaram ao impeachment da petista.
A imagem de Mantega no universo corporativo é ruim. Por ora, o nome está descartado.
Silveira havia ficado responsável por convencer os acionistas da Vale sobre Mantega. Não foi possível. O ministro agora deve indicar um nome ao presidente.
HISTÓRICO
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressionou acionistas para emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no posto. O cargo de CEO da Vale tem remuneração anual de R$ 59 milhões, o equivalente a um salário mensal de R$ 4,9 milhões.
Alexandre Silveira ficou com a incumbência de falar com acionistas sobre a indicação para. Executivos viram a ação com um tom de ameaça. Motivo pelo qual o governo recuou.
A União tem uma pequena participação na mineradora. A Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, tem 8,7% de participação no controle da Vale e duas cadeiras das 12 no Conselho de Administração. O governo decide a escolha da Previ, mas o peso é muito pequeno. Para completar a maioria dos votos, o Planalto, via Silveira, buscou o apoio de outros acionistas privados ao nome de Mantega.
A própria Vale depende de decisões do governo, como na área de ferrovias –em que o governo Lula tem rediscutido valores pagos pela renovação dos contratos em 2019–, em direito mineral e no processo de reparação do desastre de Mariana (MG), ocorrido em uma mina da Samarco, empresa que tem a Vale como acionista.
Estão na linha de tiro a japonesa Mitsui, o fundo de investimentos norte-americano BlackRock, a Bradespar (empresa do Grupo Bradesco) e a Cosan –gigante com negócios nas áreas de açúcar, álcool, energia, lubrificantes e logística. Todas essas empresas são acionistas da Vale e têm investimentos no Brasil que dependem de regulação do governo.
Além das duas cadeiras da Previ no Conselho de Administração da Vale, 2 são da Bradespar, uma da Mitsui e outra é ocupada por um representante dos empregados da mineradora.
As outras 7 vagas são de conselheiros independentes, que representam os acionistas minoritários. São a maioria. Leia os nomes que integram o colegiado no infográfico abaixo:
CRÍTICA PÚBLICA
Na quinta-feira (25), data em que se completou 5 anos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), Lula publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) que a mineradora “nada fez para reparar a destruição causada”.
O recado foi recebido como mais uma demonstração da insatisfação de Lula com a atual gestão. Dessa vez, pública e às vésperas de uma decisão do conselho.
A Vale não comentou a declaração do presidente, mas divulgou à imprensa um conjunto de ações que já foram desenvolvidas, como o acordo de medidas reparatórias assinado com o Estado de Minas Gerais em 2021 no valor de R$ 37 bilhões e acordos separados de indenização com 15.400 pessoas, com valor total de R$ 3,5 bilhões.
Também nesta quinta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu a indicação de Mantega publicamente. Em sua conta do X, a deputada federal disse que o ex-ministro “é um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época” e que ele “foi alvo de mentiras e acusações falsas”. Afirmou ainda que “pouquíssimos brasileiros são tão qualificados” quanto Mantega para a Vale.
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