O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mudou a posição em relação a ampliação do uso de câmeras corporais pela Polícia Militar do estado e agora diz que estuda ampliar o programa.
Em evento na tarde desta segunda-feira (22), o governador afirmou que a ampliação se dará dentro do programa ‘Muralha Paulista’, que deve ser lançado pela pasta da Segurança Pública ainda em 2024.
“A gente vai lançar o ‘Muralha Paulista’ e a ideia é aumentar a segurança. E quando eu falo em segurança, falo em todas as dimensões. A gente vai usar tecnologia. A câmera corporal é uma das componentes de tecnologia que se integram ao Muralha Paulista, então nós vamos avaliar o uso dessas câmeras, né?! A possibilidade até de ampliação”, disse Tarcísio.
“Isso tá sendo estudado na Secretaria de Segurança Pública, mas nós temos aí então...nós vamos entrar com investimento muito forte em monitoramento, muito forte em tecnologia. Uma organização de dados em nuvem pra que a gente possa, por meio da inteligência artificial, ter uma previsão de comportamento criminoso e melhor disposição de efetivo. E a câmera corporal também vai se integrar ao Muralha Paulista. Então, é essa é a ideia que tá aí na Secretaria da Segurança Pública”, completou.
A declaração acontece menos de um mês depois de afirmar ao Bom Dia SP, da TV Globo, que não vai investir na implementação de mais câmeras no uniforme de policiais militares, porque elas não tinham efetividade na segurança do cidadão paulista.
"A gente não descontinuou nenhum contrato. Os contratos permanecem. Mas qual a efetividade das câmeras corporais na segurança do cidadão? Nenhuma", afirmou (veja vídeo abaixo).
Tarcísio de Freitas admite que não irá investir em câmeras nas fardas de PMs
Desde a campanha eleitoral de 2022, Tarcísio tem oscilado em suas posições em relação ao uso de câmeras corporais.
Antes de ser eleito, ele chegou a prometer tirar os equipamentos atualmente usados pela corporação, mas, pouco antes do primeiro turno, voltou atrás da decisão, desagradando aliados bolsonaristas.
Mas, uma vez empossado, o governador não usou a verba de R$ 152 milhões que havia sido destinada ao programa “Olho vivo” no orçamento de 2023, herdado por Tarcísio da gestão do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Em outubro de 2023, o governador admitiu ao g1 que o não tinha planos de ampliar as câmeras de monitoramento nos uniformes policiais.
"Não, nós não vamos usar [a verba]. Não vamos ampliar câmeras neste ano. Nós temos várias demandas. Demandas de colocar mais policiais nas ruas para aumentar o policiamento ostensivo. Ou seja, aquilo que a gente entende que realmente vai proporcionar ganho para o cidadão. Eu tô focando, no final das contas, a segurança pública voltada para o cidadão", declarou ele na época, em evento de inauguração do primeiro AME destinado às mulheres.
Com isso, desde o fim da gestão Rodrigo Garcia e João Doria, a Polícia Militar continua operando as mesmas 10.125 câmeras contratadas pelos políticos tucanos.
A ampliação do programa foi congelada, contrariando a visão dos especialistas em Segurança Pública sobre a contribuição desse tipo de monitoramento para as ações da polícia.
Um levantamento feito pela GloboNews e divulgado nesta segunda (22), apontou que as mortes de policiais militares em serviço no estado de São Paulo caíram pela metade ao longo dos três anos posteriores à adoção das câmeras corporais pela tropa, em agosto de 2020.
Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e mostram que, entre 2021 e 2023, três primeiros anos posteriores à implementação do 'Programa Olho Vivo' - do governo de SP - 19 policiais militares morreram em serviço, o que representa uma média de 6,3 mortes ao ano.
Já entre 2017 e 2019, três anos anteriores à adoção progressiva das câmeras corporais pela tropa, 41 mortes (média de 13,6 mortes ao ano) foram registradas.
Isso significa uma queda de 53,7% na média anual de mortes de PMs na comparação entre os períodos de 2017-2019 e 2021-2013.
Em 2020, ano em que o programa Olho Vivo começou, 18 PMs morreram em serviço no estado.
Os dados analisados pela reportagem fazem parte de uma série histórica de dez anos (2014-2023) que abrange os assassinatos de policiais militares no estado de São Paulo em serviço. Não inclui, portanto, as mortes dos agentes de folga, que são mais frequentes do que as ocorridas nos períodos em que os policiais estão fora do trabalho.
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