A defesa do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), classificou como “arbitrário” o pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que ele seja afastado do cargo. O pedido é com base na denúncia oferecida na terça-feira, 28, pela PGR contra Cameli e outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
“Esse pedido de afastamento é arbitrário e absurdo. Não há nenhum fato novo que justifique esse pedido de afastamento. Ele decorre de um outro pedido que já tinha sido indeferido pelo Superior Tribunal de Justiça. É além de tudo, ele foi feito na vagância do cargo de procurador-geral da República”, alegou a defesa do governador.
Segundo o Ministério Público, as práticas ilícitas começaram em 2019 e teriam causado prejuízos de quase R$ 12 milhões aos cofres públicos. Somadas, as penas pelos crimes podem ultrapassar 40 anos de reclusão. Cameli está em Dubai, para a COP 28, em uma comitiva do governo do Acre.
De acordo com a PGR, a denúncia tem mais de 200 páginas e está restrita a um dos fatos apurados na Operação Ptolomeu: irregularidades envolvendo a contratação fraudulenta da empresa Murano Construções LTDA, que teria recebido R$ 18 milhões dos cofres públicos para a realização de obras de engenharia viária e de edificação. Também foram denunciados a mulher de Cameli, dois irmãos do chefe do Poder Executivo, servidores públicos, empresários e pessoas que teriam atuado como “laranjas” no esquema.
A PGR informa que, segundo as investigações, a empresa Murano Construções e empresas subcontratadas – uma das quais tem como sócio Gledson Cameli, irmão do governador – teriam pagado propina ao chefe do executivo estadual em valores que superam os R$ 6,1 milhões, por meio do pagamento de parcelas de um apartamento em bairro nobre de São Paulo e de um carro de luxo.
A Procuradoria aponta que embora a denúncia trate apenas dos crimes praticados no âmbito do contrato firmado pelo governo estadual do Acre com a empresa Murano, há provas de que o esquema se manteve mesmo após o encerramento da contratação. Foram identificados oito contratos com ilegalidades, e a estimativa é que os prejuízos aos cofres públicos alcancem quase R$ 150 milhões.
Em março, Camelli foi alvo de uma operação da Polícia Federal para apurar suspeitas de desvio de dinheiro público. Segundo as investigações, o governador do Acre passou a receber centenas de pequenos depósitos em espécie em suas contas desde que assumiu o cargo, em 2019, segundo apontam as investigações. As cifras enviadas, de acordo com a PF, saltaram de R$ 149 mil um ano antes de assumir para R$ 880 mil em 2021, o que representa um aumento de 490% no período.
“Essa investigação é toda ilegal. Ela decorre de uma devassa realizada pela Polícia Federal de Cruzeiro do Sul, sem que tivesse competência para investigar o governador Gladson Cameli. Para se ter uma ideia, quebraram o sigilo de uma criança de apenas sete anos de idade, o filho do governador”, completou a defesa de Cameli.
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