A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (20) uma operação para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a PF cumpre 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em quatro estados —São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás— e no Distrito Federal.
Segundo as investigações, servidores da Abin invadiram a rede de telefonia reiteradas vezes, com a utilização de um sistema de geolocalização adquirido com recursos públicos.
“Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão”, afirmou a PF.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial.
Segundo o jornal O Globo, a Abin utilizou um sistema secreto para monitorar a localização de pessoas entre 2019 e 2021, os três primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro.
Sem qualquer protocolo oficial, o programa comprado ainda na gestão Michel Temer, por R$ 5,7 milhões, permitia o monitoramento de até 10 mil proprietários de celulares por ano.
Chamado de “FirstMile”, o software oferecia à agência a possibilidade de identificar a localização da área aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.
Cerca de 20 pessoas foram intimadas a prestar esclarecimentos. Os depoimentos simultâneos serão tomados ainda na manhã desta sexta, na sede da PF.
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