A deputada estadual Fátima Nunes (PT) virou alvo de polêmica ao falar que tinha "orgulho de ser preta", durante uma sessão ordinária na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em Salvador. A frase vai de encontro à própria autodeclaração, como branca, nas eleições de 2022.
Durante sessão ordinária da Alba de segunda-feira (2), Fátima Nunes, que está em seu 6º mandato, discursou sobre ações do governador do estado, Jerônimo Rodrigues, e destacou que completava um ano do primeiro turno das eleições de 2022, que terminou com a vitória do presidente Lula. Ela concluiu o discurso dizendo ser uma mulher preta.
"Por isso hoje encerro minhas palavras, dizendo a todos e a todas do meu orgulho de ser preta, de ser pobre, de ser mulher, mas estar aqui no 6º mandato, para lutar para que nossas comunidades tenham o direito de viver e viver com tranquilidade nos lugares onde estão, principalmente na agricultura familiar", disse Fátima Nunes.
Fátima Nunes reafirmou a posição. A deputada contou que é filha de pai negro e mãe branca. Na certidão de nascimento, ela foi registrada como branca.
"Naturalmente carrego no sangue [a autodeclaração preta], no sentimento de luta por direitos do povo negro, e embora tenha, digamos assim, minha pele mais clara, por conta dessa miscigenação, mas é o meu sentimento. É o que tenho pelas dificuldades, discriminações vividas, também vivenciadas no dia-a-dia", disse Fátima Nunes.
A deputada disse ainda que a fala na sessão ordinária ocorreu por causa de um "sentimento social".
"Às vezes carrego na expressão de falar isso, que me orgulho de ser uma pessoa que nasceu com as marcas das desigualdades sociais, mas a gente luta todos os dias, e nessa luta a gente está conquistando o espaço que nos é de direito", concluiu.
"É estar sempre apunhando a bandeira da justiça social, do combate ao racismo, às discriminações, aos preconceitos, porque com pele clara ou pele escura, pele negra ou pele branca, somos cidadãos, filho de Deus. Contribuímos com os nossos impostos e com o nosso voto para ter uma nação e uma Bahia justa", afirmou.
Questionada sobre o motivo de ter se autodeclarado branca nas eleições 2022, já que se considera negra, Fátima Nunes contou que a opção foi feita por ser a raça definida na certidão de nascimento.
"No papel escrito, nunca mudei a minha 'autodeclaração', mas na minha imposição social sempre falei assim. Nunca fiz uma atenção de voltar lá no cartório, de recontar a minha história e fazer uma coisa que é necessário fazer", pontuou.
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