Após afirmar que não há constrangimento com a convocação de integrantes das Forças Armadas para prestarem depoimento na CPMI do 8 de Janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu nesta terça-feira (26) que os “bandidos” sejam punidos e as investigações sejam concluídas para encerrar o “manto de suspeição” que recai sobre os militares. Múcio disse que não assistiu ao depoimento do general Augusto Heleno na CPMI dos atos do 8/1 e evitou comentar o tema ao dizer que tudo ainda se resume a vazamentos.
"As Forças Armadas precisam disso [conclusão das investigações]. Elas ficaram na sociedade em uma situação extremamente delicada. A esquerda acha que as Forças Armadas queriam dar golpe e a direita não gosta das Forças porque eles não deram o golpe. Quando, na realidade, eu credito às Forças fizeram a defesa da democracia. Não houve uma declaração, manifestação [de apoio a golpe]. As Forças são cientes do seu papel, parceiras do governo e desejam que tudo isso seja esclarecido", defendeu.
O ministro afirmou ainda que é preciso punir os “bandidos” e não penalizar os integrantes das Forças que são legalistas. A declaração ocorreu em seminário sobre a indústria de defesa, organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em sua sede, no Rio de Janeiro.
"Precisamos esclarecer tudo, punir os bandidos, punir aqueles que quiseram mexer com nossa integridade política e dizer, aos que não estiveram envolvidos, que estamos do mesmo lado", disse Múcio.
"Que esse manto de suspeição não penalize aqueles que são legalistas e trabalharam pela democracia", completou.
Nesta segunda (25), menos de uma semana após a delação do ex-ajudante de ordens da Presidência tenente-coronel Mauro Cid e com a convocação de integrantes das Forças à CPMI, Múcio defendeu que “não há constrangimento”.
"Não só não temos constrangimento, se tivéssemos não poderíamos dizer, porque estaríamos dando prova que teríamos algum tipo de preocupação. O que não temos", afirmou Múcio, após uma reunião com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
O ministro da defesa disse nesta terça-feira que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente é um delator, que o noticiário é produto disso e que suspeições e delações afetam a todos na Defesa. Ele afirmou ainda que as investigações sobre os atos radicais e outros episódios, como o caso do “Hacker de Araraquara”, estão nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e da Polícia Federal, e que sua pasta não teve acesso a nenhuma informação sobre o caso.
"A gente quer punir. Mas está na mão da Justiça. A Justiça vai fazer a graduação das punições. E as Forças Armadas, tenho absoluta certeza, vão querer fazer isso para mostrar à sociedade o tanto da nossa indignação", disse.
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