O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)criticou nesta segunda-feira (29) o que ele chamou de “preconceito contra a Venezuela” e classificou a primeira visita de Nicolás Maduro ao Brasil desde 2015 como um “momento histórico”. Os líderes discursaram lado a lado após reunião no Palácio do Planalto.
“Primeiro, eu queria dizer aos meus amigos do Brasil e à imprensa brasileira a alegria desse momento histórico que estamos vivendo agora”, ressaltou Lula no início de sua fala.
“Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política e relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil.”
O presidente brasileiro, inclusive, declarou ter brigado com companheiros europeus que se recusavam a reconhecer Maduro como presidente da Venezuela.
“Eu achava a coisa mais absurda do mundo negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo, e o cidadão que foi eleito deputado fosse reconhecido como presidente da Venezuela”, disse Lula em referência a Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente venezuelano em 2019 e teve a liderança referendada também pelo governo do então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL).
Lula acrescentou não compreender como a Europa “poderia aceitar a ideia de que um impostor pudesse ser presidente porque eles não gostavam do presidente eleito”.
Na condição de presidente interino, Guaidó tinha acesso a fundos confiscados de Maduro por governos ocidentais, a autoridades de primeiro escalão e a apoio a seu movimento pró-democracia em casa e no exterior.
Em janeiro de 2021, membros de 27 países da União Europeia informaram não reconhecer mais Guaidó como presidente da Venezuela após ele perder a posição de líder do Parlamento.
Ainda durante seu discurso desta segunda, Lula criticou o que chamou de “preconceito contra a Venezuela” e relembrou momentos da campanha presidencial brasileira de 2022.
“O preconceito contra a Venezuela é muito grande. Durante a campanha, havia discursos e mais discursos em que os adversários diziam: ‘Se o Lula ganhar as eleições, o Brasil vai virar uma Venezuela’. Quando, na verdade, o único sonho nosso era ser o Brasil mesmo”, continuou Lula.
“Portanto, essa relação, essa volta da relação Brasil e Venezuela é plena. Nós sabemos das dificuldades que nós temos, das empresas que querem voltar para a Venezuela, sabemos da dívida da Venezuela e tudo isso vai fazer parte de um acordo para a integração ser plena”, concluiu o presidente brasileiro.
Venezuela é vítima de narrativa de antidemocracia e autoritarismo, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)também disse durante o evento no Planalto que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.
“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse Lula se dirigindo a Maduro.
De acordo com o petista, cabe à Venezuela “mostrar a sua narrativa para que as pessoas possam mudar de opinião”.
“Eu vou em lugares que as pessoas nem sabem onde fica a Venezuela, mas sabe que a Venezuela tem problema na democracia. É preciso que você construa a sua narrativa e eu acho que, por tudo que conversamos, a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que a que eles têm contado contra você”, pontuou Lula.
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