O homem, ainda não identificado, que foi encontrado morto dentro de um isopor na manhã deste domingo (30), no Porto da Barra, teria sido vítima de um conflito entre grupos criminosos da região. De acordo com moradores, todo episódio de violência registrado no bairro acontece por uma disputa por pontos de drogas espalhados em um dos cartões postais com mais movimentação de Salvador.
Uma moradora, que prefere não revelar seu nome e vive em frente ao Porto da Barra, conta que a movimentação de traficantes é constante. "Como a área é turística e a segurança é frágil, eles sempre estão por aqui vendendo droga. Tanto para quem é daqui como para os turistas. O Porto é muito movimentado, então é um ponto que rende e, por isso, ficam brigando para ver quem domina a área", relata ela.
Apesar das facções do Bonde do Maluco (BDM) e do Comando Vermelho (CV) protagonizarem uma guerra em diversos bairros de Salvador, como Tancredo Neves, quem mora na Barra não sabe informar quais seriam os grupos envolvidos nos episódios de violência no bairro. Sobre o homem encontrado no isopor em meio ao lixo, quem trabalha no local afirma que via ele na região da praia regularmente.
"O nome eu não sei, mas via ele direto aqui rodando sozinho e também com outros homens. Não sei de envolvimento dele com tráfico, ele só vivia na região mesmo, era alguém que frequentava muito", diz um barraqueiro que se surpreendeu ao chegar na praia cedo e se deparar com a retirada do corpo feita pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Ele é outro que não fala o nome por medo de represálias.
Pessoas em situação de rua do bairro, porém, garantem que o caso se trata de um resultado de mais um conflito entre grupos criminosos. "Todo mundo vê e pensa que é morador de rua brigando, mas aqui não está tendo isso. Esse cara não vivia na rua, na certa alguém de outra facção deu de cara com ele, matou e colocou aí. Só não deve ter colocado no lixo porque não coube o corpo dele", fala um homem, que dorme nas imediações do Porto.
A Polícia Civil (PC) foi procurada para responder sobre as circunstâncias do crime e como a vítima teria sido morta, mas não deu detalhes. Em nota, informou apenas que foram expedidas as guias de perícia e remoção para o local e que a 1ª Delegacia de Homicídios/Atlântico ficou responsável pela investigação do caso. Sobre a possibilidade de usar imagens de câmeras do local para identificar quem foi o autor do crime, a polícia não respondeu. Apesar de questionados, tanto a PC como a Polícia Militar não informaram se o homem foi morto a tiros ou de outra forma.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, que monitora a violência armada em Salvador e Região Metropolitana (RMS), a Barra registrou, até a última sexta-feira (28), quatro tiroteios, dois mortos e dois feridos em 2023. Em levantamento da reportagem, porém, pelo menos seis casos graves foram registrados no bairro neste ano.
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