O Vaticano divulgou nesta segunda-feira (21) o testamento do papa Francisco, revelando um pedido que quebra uma tradição centenária da Igreja Católica: o líder da Igreja solicitou que seus restos mortais fossem enterrados na Basílica Papal de Santa Maria Maior, e não nas Grutas Vaticanas, onde repousam a maioria dos pontífices.
Francisco, que morreu na manhã desta segunda-feira aos 88 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) seguido de insuficiência cardíaca, expressou o desejo por um túmulo “no chão, simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus”.
O local escolhido por ele tem profundo simbolismo. Foi na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, que o papa iniciava e encerrava cada uma de suas Viagens Apostólicas. “Desejo que a minha última viagem terrena se conclua precisamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde me dirigia para rezar [...] para entregar confiadamente as minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo dócil e materno cuidado”, escreveu no documento redigido em 2022.
Francisco também deixou instruções claras sobre o financiamento de seu sepultamento. Segundo o testamento, os custos serão cobertos por um benfeitor previamente designado pelo pontífice, cuja contribuição será transferida à Basílica de Santa Maria Maior. O arcebispo Rolandas Makrickas, comissário extraordinário da basílica, foi incumbido de supervisionar a execução do plano.
A decisão de Francisco representa uma rara exceção na história recente do papado. Desde a construção da atual Basílica de São Pedro, no século XVI, os túmulos dos papas costumam ser localizados em sua cripta, conhecida como Grutas Vaticanas. Exemplos notáveis incluem João Paulo II e Bento XVI.
João Paulo II, falecido em 2005, foi inicialmente sepultado nas Grutas Vaticanas, mas seus restos foram transferidos em 2011 para a Capela de São Sebastião após a beatificação.
Bento XVI, que renunciou ao papado em 2013 e faleceu em 2022, pediu um funeral simples e foi sepultado no local que antes abrigava o túmulo de João Paulo II.
A escolha de Francisco reforça sua marca de humildade e proximidade com o povo — uma linha que guiou todo o seu pontificado desde a eleição em 2013. O enterro será realizado nos próximos dias, mas o Vaticano ainda não confirmou oficialmente a data e a programação da cerimônia fúnebre.
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