Organizações não governamentais e entidades de classe da Venezuela aumentaram o tom contra a repressão do governo de Nicolás Maduro (PSUV) à imprensa, denunciando prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados e intimidações constantes a profissionais da mídia.
No domingo (20), a ONG Espacio Público cobrou explicações sobre o paradeiro do jornalista Rory Branker, detido há dois meses por agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) em Caracas. Até o momento, não há informações oficiais sobre sua localização ou estado de saúde.
“As autoridades venezuelanas precisam informar onde Branker está e garantir sua libertação imediata”, afirmou a entidade em sua conta oficial no X.
Prisões arbitrárias e censura
Outro caso que chamou atenção foi o da jornalista Nakary Mena Ramos, do portal Impacto Venezuela, presa no dia 8 de abril junto com seu marido, o cinegrafista Gianni González. O casal foi detido após a veiculação de uma reportagem sobre o aumento de roubos em Caracas e responde por “instigação ao ódio” e “divulgação de notícias falsas”.
Segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Mena Ramos e González ficaram desaparecidos por mais de 48 horas. Mena foi transferida para um presídio feminino no estado de Miranda, enquanto o marido está detido em outra unidade próxima da capital.
O SNTP afirma que a detenção foi motivada diretamente pela publicação da reportagem, que continha vídeos e depoimentos de moradores sobre a escalada da criminalidade.
Números da repressão
Em março, a Espacio Público registrou 13 violações à liberdade de expressão — incluindo duas prisões, cinco casos de censura e três perseguições judiciais.
Entre os nomes presos estão também Carlos Julio Rojas, Biagio Pilieri, José Camero, Luis López, Ramón Centeno, Omar González e o cinegrafista Belises Cubillán. Rojas, que é subsecretário do CNP Caracas, foi detido em abril de 2024 sob acusação de terrorismo, conspiração e tentativa de magnicídio — sem provas apresentadas.
“Inventam-se processos com acusações falsas, sem qualquer evidência. O objetivo é silenciar o jornalismo crítico”, afirmou Edgar Cárdenas, secretário-geral do CNP Caracas.
Pressão internacional
Organizações como a Provea (Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos) também exigiram o fim da perseguição a jornalistas e lembraram que a liberdade de expressão é um direito garantido pela Constituição da Venezuela.
O partido opositor Voluntad Popular classificou as prisões como "ataques autoritários" e denunciou mais uma tentativa do regime de intimidar a imprensa e controlar a narrativa nacional.
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