Em meio à intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos, a China anunciou nesta quarta-feira a nomeação de Li Chenggang como novo negociador-chefe nas disputas tarifárias que já impõem um fardo bilionário sobre o comércio bilateral. A substituição ocorre enquanto os EUA elevam suas tarifas para até 245% sobre produtos chineses, enquanto Pequim responde com aumentos que atingem 125% sobre mercadorias americanas.
Li, de 58 anos, assume o posto antes ocupado por Wang Shouwen, figura central nas negociações comerciais durante o primeiro mandato de Donald Trump. Experiente diplomata e ex-embaixador da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), o novo vice-ministro do Comércio terá a missão de enfrentar uma das maiores crises comerciais entre as duas potências desde a década passada.
O anúncio da nomeação foi feito de forma sucinta pelo Ministério de Recursos Humanos e Previdência Social da China, mas carrega um peso estratégico significativo: sinaliza uma possível reconfiguração na abordagem chinesa diante de um cenário cada vez mais hostil.
A tensão voltou a escalar em 2 de abril, quando o governo norte-americano anunciou novas tarifas globais em nome do “equilíbrio comercial”. Apesar de recuar parcialmente diante da instabilidade nos mercados e do impacto sobre o endividamento americano, a Casa Branca manteve o aperto contra a China, elevando a tarifa média para produtos chineses para 145%. A própria Casa Branca, no entanto, já admite que o número pode alcançar 245%, caso novas medidas entrem em vigor.
Pequim reagiu na mesma moeda, ampliando suas tarifas para até 125% sobre itens oriundos dos Estados Unidos. O governo chinês reitera que “ninguém vence uma guerra comercial” e cobra a eliminação total das tarifas impostas por Washington.
Enquanto isso, os Estados Unidos sinalizam novos ataques. No último domingo, o ex-presidente Trump — em campanha para retornar à Casa Branca — afirmou que tarifas sobre semicondutores chineses estão “no horizonte”. A retórica foi endossada nesta terça-feira pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que afirmou que "a China deve dar o primeiro passo" para que se retome o diálogo comercial.
“A bola está no telhado deles. A China precisa fazer um acordo conosco. Nós não precisamos fazer um acordo com eles”, declarou Leavitt. “Não há diferença entre a China e qualquer outro país, exceto que eles são muito maiores.”
Com os dois lados em posições cada vez mais distantes e inflexíveis, a nomeação de Li Chenggang pode representar uma tentativa de reabrir canais de diálogo — ou, ao menos, de reposicionar a narrativa chinesa em um embate que parece longe do fim.
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