MST e PT participarão da posse de Nicolás Maduro em meio a contestação internacional

Representação brasileira será protocolar; reeleição do líder chavista enfrenta rejeição global
Por: Brado Jornal 08.jan.2025 às 08h10
MST e PT participarão da posse de Nicolás Maduro em meio a contestação internacional
Ricardo Stuckert/Agência Brasil

A posse de Nicolás Maduro para mais um mandato na presidência da Venezuela, marcada para sexta-feira, 10 de janeiro, contará com a presença de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e possíveis membros do Partido dos Trabalhadores (PT). Apesar do histórico alinhamento político, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva não recebeu convite oficial para o evento, em um gesto interpretado como uma afronta de Caracas.


Presença brasileira discreta

Segundo fontes do Itamaraty, o Brasil será representado pela embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, um gesto diplomático protocolar. O PT, por sua vez, afirmou que não enviará representantes oficiais, embora exista a possibilidade de membros da legenda participarem de forma independente.

João Pedro Stedile, líder do MST, comandará uma delegação de cerca de dez militantes na posse. Além disso, membros de grupos alinhados ao chavismo podem participar de uma reunião do Foro de São Paulo, coalizão de partidos de esquerda da América Latina, prevista para ocorrer na véspera do evento.


Legitimidade contestada

A eleição de julho de 2024, que reconduziu Maduro ao poder, foi amplamente denunciada por opositores e organizações internacionais como ilegítima. Nesta semana, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos divulgou um relatório classificando o processo eleitoral como desprovido de "legitimidade democrática" e denunciando o uso de "terrorismo estatal" pelo regime chavista.

Embora o governo brasileiro não tenha reconhecido oficialmente a reeleição de Maduro nem a vitória do opositor Edmundo González Urrutia, considerado presidente eleito por países como Estados Unidos e membros da União Europeia, o PT foi rápido em parabenizar o líder chavista logo após o anúncio dos resultados.


Resistência internacional e isolamento diplomático

A posse ocorre em um momento de isolamento crescente de Maduro na cena internacional. O Chile anunciou nesta terça-feira, 7, a retirada de seu embaixador da Venezuela, citando a falta de abertura do regime e dificuldades no diálogo bilateral. O México e a Colômbia enviarão apenas representantes de nível diplomático, enquanto países como os Estados Unidos continuam a reconhecer González como presidente legítimo.

Exilado em Madri, González prometeu retornar à Venezuela no dia da posse para assumir o cargo, apesar do alto risco de prisão.


MST fortalece laços com chavismo

O MST mantém uma relação próxima com o governo de Maduro. Em setembro de 2024, o movimento firmou um acordo com Caracas para desenvolver um projeto agrícola no estado de Bolívar, na fronteira com o Brasil. A presença do MST na posse reforça os laços entre movimentos de esquerda e o regime chavista, em contraste com a crescente rejeição internacional.

Com a polarização política e a instabilidade econômica da Venezuela, a cerimônia de posse de Maduro promete atrair ainda mais atenção internacional e alimentar as discussões sobre o futuro político do país e da região.



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