Oito pessoas morreram e 2.750 ficaram feridas nesta terça-feira (17) após explosões em sequência de pagers usados pelos membros do grupo armado libanês Hezbollah .
O governo do Líbano e o Hezbollah acusaram Israel de uma ação coordenada. Israel não se manifestou.
Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares. No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes". Para se comunicar com alguém, a pessoa precisava ligar para uma central telefônica e informar a um atendente para qual número ela gostaria de enviar uma mensagem —o conteúdo deveria ser curto.
O Hezbollah diz que apura as circunstâncias das explosões. Dois membros do grupo e uma menina morreram.
Os conflitos entre o Hezbollah e Israel se intensificaram com o início da guerra em Gaza, após os ataques do Hamas ao território israelense, no dia 7 de outubro do ano passado.
Aliado do grupo terrorista da Faixa de Gaza, o grupo libanês disparou mísseis contra o norte de Israel e, desde então, os dois países têm trocado ataques constantes. Milhares de pessoas tiveram que ser deslocadas de cidades e vilas de ambos os lados da fronteira devido às hostilidades.
A situação piorou após a morte do chefe do Hamas Ismail Hanyieh e também do comandante do Hezbollah Fuad Shukr em Beirute, quando o Irã e os dois aliados prometeram vingança contra o governo israelense.
De acordo com a Al Jazeera, os pagers foram invadidos e hackeados.
Os pagers passaram a ser usados depois que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pediu a seus combatentes, especialmente os que estão na linha de frente na fronteira sul do Líbano com Israel, que parassem de usar smartphones, porque o país vizinho teria a tecnologia para se infiltrar nos aparelhos.
Após o incidente desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
A onda de explosões durou cerca de uma hora após as detonações iniciais, que ocorreram por volta das 15h45 no horário local.
Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.
Por causa do alto número de feridos, o centro de operações de crise do Líbano, que é administrado pelo Ministério da Saúde do país, pediu a todos os profissionais de saúde que se dirigissem aos seus respectivos hospitais para ajudar a lidar com o grande número de feridos que chegam para atendimento de urgência.
Um jornalista da Reuters relatou ter visto membros do Hezbollah sangrando devido aos ferimentos e ambulâncias correndo para atender várias emergências em meio ao pânico generalizado.
A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar na evacuação das vítimas.
O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pela explosão de um pager. A informação foi confirmada pela embaixada, que informou que ele ficou levemente ferido, mas está consciente e não está em estado grave.
Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a "maior falha de segurança" a que o grupo foi submetido em quase um ano de guerra com Israel.
Ramy Khoury, membro da Universidade Americana de Beirute, acredita que o evento foi "o mais perigoso" para o Hezbollah nos últimos anos.
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