O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela), disse na quarta-feira (28) que “os gringos não têm moral para se meter nos assuntos eleitorais nem políticos” do país. Sem citar o chefe do Executivo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Maduro afirmou que, em 2022, a Venezuela “não fez comunicado” e deixou que o Brasil resolvesse “seus problemas internamente”.
As falas foram feitas em evento que marcou um mês da eleição de 28 de julho. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) declarou Maduro foi reeleito, mas não divulgou as atas eleitorais (boletins de urna). A oposição fala em fraude e afirma que seu candidato, Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), foi o vencedor do pleito. Diversos países, como o Brasil, pedem a publicação das atas antes de reconhecer a vitória de um ou de outro candidato.
O TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela decidiu em 22 de agosto não divulgar as atas eleitorais das eleições de 28 de julho, que confirmaram a reeleição do presidente.
No sábado (24), em conjunto com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Colômbia Humana), o governo Lula divulgou um comunicado exigindo dados “verificáveis” das eleições. Entretanto, os 2 não condenaram o constrangimento que o regime chavista tem imposto a Edmundo González e também ignoraram por completo as ameaças do governo Maduro à oposição.
Maduro usou as eleições no Brasil em 2022 e a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para comentar a situação.
“Teve eleições e Bolsonaro não reconheceu os resultados, houve recurso ao ‘Tribunal Supremo’ [o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)]. O ‘Tribunal Supremo’ do Brasil decidiu que os resultados eleitorais deram a vitória a Lula. Santa palavra do Brasil. E quem se meteu com o Brasil?”, disse Maduro. “Ninguém”, responderam as pessoas presentes.
Apontando para a plateia, Maduro declarou: “Você fez um comunicado? Você? Você? A Venezuela disse algo? Nós dissemos apenas que respeitamos as instituições brasileiras e o Brasil resolveu seus problemas internamente, como deve ser”.
A eleição brasileira, ao contrário do que ocorreu na Venezuela, foi validada por observadores internacionais. Entre eles, o Centro Carter. A organização disse em 30 de julho que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Em 8 de agosto, declarou que Edmundo González venceu o pleito venezuelano.
Maduro citou os atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF), foram invadidas. Segundo o presidente venezuelano, os atos são “parecidos com que houve” na Venezuela depois do pleito de 28 de julho.
“O que fez a Venezuela [após o 8 de Janeiro]? Condenamos imediatamente os atos violentos fascistas de Bolsonaro e apoiamos a democracia, a Constituição e o poder instituído no Brasil sem opinar sobre assuntos internos”, declarou Maduro.
“Tem sido assim, é assim que deveria ser. Com a moral constitucional institucional bolivariana que temos, exigimos que o mundo não meta o nariz nos assuntos internos da Venezuela e respeite a soberania e a vida interna da Venezuela”, completou.
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