Rússia liberta repórter dos EUA em troca de prisioneiros com Washington, diz agência

O julgamento do repórter do Wall Street Journal por acusações de espionagem foi amplamente visto como uma farsa fora da Rússia
Por: Brado Jornal 01.ago.2024 às 10h41
Rússia liberta repórter dos EUA em troca de prisioneiros com Washington, diz agência
Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

A Rússia libertou o jornalista do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, e o ex-fuzileiro naval dos EUA, Paul Whelan, como parte de uma grande troca de prisioneiros com os Estados Unidos, segundo fontes familiarizadas com a situação informaram à Bloomberg.

Os homens, presos na Rússia sob acusações de espionagem que tanto eles quanto os EUA negam, estão sendo levados para destinos fora da Rússia. Os EUA e seus aliados devolverão à Rússia os prisioneiros que estão em sua posse como parte do acordo, informaram essas fontes à imprensa norte-americana, pedindo anonimato para discutir assuntos que ainda não são públicos.

O Kremlin também libertará o dissidente Vladimir Kara-Murza como parte do acordo, disse um funcionário europeu sob condição de anonimato. Kara-Murza, de 42 anos, ativista com dupla nacionalidade russa e britânica, tem sido um persistente crítico do regime do presidente Vladimir Putin e, em abril do ano passado, foi condenado a uma pena recorde de 25 anos de prisão por traição e outros crimes por criticar a invasão russa da Ucrânia.

Não há mais detalhes disponíveis sobre a troca, segundo a Bloomberg. Os Estados Unidos mantiveram extensas negociações para conseguir a libertação de Gershkovich e Whelan, a quem o Departamento de Estado classificou como detidos injustamente.

Gershkovich, de 32 anos, foi detido em março do ano passado enquanto fazia uma reportagem na cidade de Ecaterimburgo, nos Urais, e acusado de espionar para a CIA. Tanto ele quanto o jornal rejeitaram as acusações.

No mês passado, ele foi declarado culpado e condenado a 16 anos, sendo a primeira vez desde a Guerra Fria que a Rússia julgou um jornalista americano por espionagem.

Whelan, detido em 2018, foi condenado a 16 anos em 2020 por acusações de espionagem que ele nega.

Os rumores sobre uma troca iminente de prisioneiros aumentaram nos últimos dias, após vários presos de alto nível, incluindo estrangeiros, serem transferidos das prisões russas onde cumprem longas penas.

Ao mesmo tempo, dados sobre alguns russos que cumprem penas nos Estados Unidos desapareceram do banco de dados do Bureau of Prisons dos EUA. Entre eles, os de Alexander Vinnik, Maxim Marchenko, Vadim Konoshchenko e Vladislav Klyushin.

Pelo menos sete presos políticos russos foram transferidos de suas colônias penais ou prisões nos últimos dias, segundo advogados e familiares.

Entre eles está Ilya Yashin, destacado crítico do Kremlin que cumpre uma pena de oito anos e meio por criticar a guerra da Rússia na Ucrânia. Ele foi transferido de sua prisão para um destino desconhecido, informou na terça-feira sua advogada Tatyana Solomina.

Também foram transferidos Oleg Orlov, presidente do grupo de direitos humanos Memorial, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, condenado a 2 anos e meio em fevereiro; a musicista Alexandra Skochilenko, que cumpre 7 anos por substituir etiquetas de preços em um supermercado por mensagens condenando a morte de civis na Ucrânia; e as ex-coordenadoras regionais de Navalny, Lillia Chanysheva e Ksenia Fadeyeva, condenadas a 9 anos e meio e 9 anos, respectivamente.

Ainda na terça-feira, o Memorial informou que o cidadão russo nascido na Alemanha, Kevin Liik, condenado a quatro anos por supostamente fornecer informações aos serviços de inteligência alemães, foi retirado da prisão.

No momento, não se sabe se esses presos serão incluídos na troca, assim como Kara-Murza.

As autoridades russas costumam transferir os presos sem avisar previamente seus advogados ou familiares, e alguns desaparecem por várias semanas. Em dezembro, Navalny foi transferido sem aviso prévio de uma prisão no centro da Rússia para outra acima do Círculo Polar Ártico, uma viagem que, segundo ele, durou 20 dias. Ele morreu por causas inexplicáveis na prisão em fevereiro.



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