O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido de Venezuela), chamou os manifestantes que participam de atos contra o resultado nas eleições no país de “drogados”. A declaração foi feita em comunicado televisivo veiculado na segunda-feira (29). Em seu discurso, ele citou o assessor especial da Presidência, Celso Amorim.
As manifestações foram iniciadas depois que o CNE (Colégio Nacional Eleitoral) declarou a vitória de Maduro, com 51% dos votos. Seu maior opositor, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), teria recebido 44% dos votos, segundo a autoridade eleitoral venezuelana, ligada ao governo atual. A oposição contesta o resultado e fala em fraude.
Maduro disse que os atos podem ser classificados como “criminais” e “terroristas”. Segundo ele, “80% dos capturados têm antecedentes criminais”. O venezuelano declarou: “Quase 90% estão em estado avançado de dependência [de drogas] e estão armados. Drogas, armas e coisas malucas”.
O Observatório de Conflitos da Venezuela registrou 187 protestos em 20 Estados do país até às 18h locais (19h em Brasília) de 2ª feira (29.jul). Também relatou forte repressão de grupos paramilitares e forças de segurança.
Amorim embarcou para a Venezuela na sexta-feira (26) para acompanhar as eleições, realizadas no domingo (28.jul). Ele se reuniu na tarde de 2ª feira (29.jul) com Maduro. Pela manhã, Amorim afirmou em nota que o governo brasileiro acompanha o desenrolar dos acontecimentos na Venezuela para “poder chegar a uma avaliação baseada em fatos” sobre o resultado das eleições.
O assessor, que já foi ministro das Relações Exteriores, cobrou que o CNE forneça as atas que embasam o resultado anunciado. Disse também que não endossaria “nenhuma narrativa de que houve fraude”.
Ao falar sobre Amorim em seu discurso, Maduro o chamou de “amigo”. O líder venezuelano disse que “o mundo está surpreso com a forma como toda a extrema-direita partiu para a ofensiva”.
Ele declarou: “Hoje eu dizia isso a Celso Amorim, meu amigo, chanceler do Brasil, assessor do presidente Lula. Todo o sindicato, assim chamado, da extrema-direita mundial, do fascismo, vê a Venezuela como a joia da coroa, para colocar as mãos nela. E, por trás, o imperialismo. Sempre esteve o imperialismo. Sempre. Sempre com sua diplomacia falsa, de engano”.
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