O Irã confirmou na madrugada desta segunda-feira (20) a morte do presidente Ebrahim Raisi e de sua comitiva, incluindo o chanceler Hossein Amirabdollahian, após a queda do helicóptero que os transportava de volta ao país depois de uma visita à fronteira com o Azerbaijão. A queda ocorreu em um terreno montanhoso e de difícil acesso.
A morte de Raisi foi confirmada em um comunicado nas redes sociais pelo vice-presidente Mohsen Mansouri e também na televisão estatal.
A emissora estatal informou que imagens do local mostram a aeronave colidindo com o pico de uma montanha, embora ainda não exista informação oficial sobre a causa do acidente.
Uma autoridade iraniana havia afirmado anteriormente que o helicóptero que transportava Raisi e Amirabdollahian ficou completamente queimado. Também estavam na aeronva o governador de uma província do Azerbaijão Oriental, o principal imã da região, o chefe de segurança do presidente e três tripulantes. NInguém sobreviveu.
As equipes de resgate enfrentaram nevascas e terrenos difíceis durante a noite para chegar aos destroços nas primeiras horas desta segunda-feira.
Segundo a agência de notícias oficial IRNA, mais de 20 equipes de resgate equipadas com drones e cães farejadores foram enviadas ao local do acidente, próximo à cidade de Jolfa, a cerca de 600 quilômetros da capital, Teerã.
"Com a descoberta do local do acidente, nenhum sinal de vida foi detectado entre os passageiros do helicóptero", disse o chefe do Crescente Vermelho iraniano, Pirhossein Kolivand, à TV estatal.
Anteriormente, a emissora nacional havia interrompido toda a programação regular para mostrar as orações realizadas por Raisi em todo o país.
No domingo, informações desencontradas aumentaram a preocupação geral com a situação do presidente. O Ministério do Interior iraniano chegou a afirmar que a aeronave fez um "pouso difícil". A mídia estatal do país disse que o helicóptero havia sido localizado, porém o Crescente Vermelho, braço da Cruz Vermelha em países de maioria muçulmana, negou.
Três helicópteros transportavam a comitiva presidencial. Dois deles aterrissaram sem problemas em Tabriz, noroeste do Irã, menos o que transportava Raisi. O presidente viajou à província do Azerbaijão Oriental para inaugurar uma barragem ao lado do presidente do país, Ilham Aliev.
A busca foi acompanhada pela comunidade internacional, dada a relevância do Irã no Oriente Médio, região abalada pelo conflito entre Israel e o Hamas, um aliado de Teerã. Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Kuwait ofereceram ajuda nas buscas, assim como a Síria e o Iraque. A Turquia enviou 32 socorristas e seis veículos para participar do resgate, e o Hamas expressou "total solidariedade" ao Irã.
Raisi, acusado pela execução de milhares de dissidentes nos anos 1980, foi responsável por agravar a instabilidade política e econômica do país desde a sua eleição em 2021. Ele sucedeu o moderado Hassan Rouhani, que o havia derrotado nas eleições presidenciais de 2017 e que, após dois mandatos consecutivos, não pôde concorrer novamente.
Sua morte aumenta a incerteza em relação ao futuro do país. O jurista de 63 anos era um dos possíveis sucessores do aiatolá Ali Khamenei. A substituição do líder supremo, de 85 anos e saúde frágil, é uma das grandes preocupações imediatas do país e pode ficar ainda mais complexa agora.
O primeiro vice-presidente, Mohammad Mokhber, deve assumir o comando do país, neste momento, até a realização de novas eleições, em um prazo de 50 dias.
O governo iraniano garantiu em comunicado que a morte do presidente não causará "a menor perturbação na administração" da república Islâmica.
"O trabalhador e incansável presidente do povo iraniano sacrificou a sua vida pela nação", afirmou o governo. "Garantimos à nação leal que, com a ajuda de Deus e o apoio do povo, não haverá a menor perturbação na administração do país".
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