O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira (28) a mobilização de 5.685 militares para o Golfo de Paria, no nordeste da costa venezuelana, como resposta ao envio de um navio de guerra do Reino Unido à Guiana.
“Ordenei a ativação de uma ação conjunta de toda a força armada nacional militar bolivariana sobre o caribe oriental da Venezuela, sobre a fachada Atlântica, uma ação conjunta de caráter defensivo como resposta à provocação e à ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania do nosso país”, disse Maduro em evento televisionado.
O venezuelano declarou que o envio do navio é uma “ruptura” com o que foi acordado no encontro com o presidente da Guiana, Mohammed Irfaan Ali, em 14 de dezembro.
Maduro se referiu ao Reino Unido como “o decadente ex-império britânico” e disse que a Venezuela “não pode ficar de braços cruzados diante de uma ameaça, venha de onde vier”. Ele afirmou também que a resposta é “proporcional” à “ameaça” e que o país “tem o direito de se defender”.
A autorização para o início dos exercícios militares foi dada ainda durante o evento ao vivo. Enquanto um comandante venezuelano dava detalhes dos equipamentos utilizados, imagens pré-gravadas de aviões sobrevoando o Atlântico foram exibidas na tela repetidas vezes.
ENTENDA O CONFLITO
A disputa pelo território do Essequibo já dura mais de 2 séculos e começou quando a Guiana ainda era colônia britânica. A questão foi julgada por um tribunal arbitral internacional no fim do século XIX, que decidiu a favor dos britânicos.
Em 4 de dezembro, venezuelanos foram às urnas para votar em um referendo convocado por Nicolás Maduro, que disputará a reeleição em 2024. O objetivo era conseguir legitimidade popular para a anexação da região do Essequibo, que vai do oeste do rio Orinoco ao rio Essequibo, tem 160 mil km² e ocupa 75% do território da Guiana.
Em 24 de dezembro, o Reino Unido anunciou que enviaria um navio de guerra para a Guiana em janeiro de 2024. O ministro de Relações Exteriores britânico, David Cameron, também deve visitar o país –que é uma ex-colônia britânica– para oferecer apoio.
PETRÓLEO À VISTA
No mesmo dia em que os venezuelanos decidiram pela anexação do território de Essequibo, o presidente Nicolás Maduro deu autorização para que a estatal petrolífera do país, a PDVSA, explore os campos de petróleo na região.
Essa decisão não veio por acaso. Em 2015, a companhia norte-americana Exxon-Mobil anunciou que descobriu petróleo na costa da Guiana.
Na época, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país era de US$ 11.000. Em 2023, foi de US$ 18.900.
Ter o controle de Essequibo pode melhorar as finanças da Venezuela, cuja economia dependeu, principalmente, da exploração de petróleo no último século.
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