Os advogados e integrantes da equipe de Alexei Navalny, principal crítico do presidente da Rússia, Vladimir Putin, disseram nesta segunda-feira (11) que perderam contato com o russo há 6 dias.
Em uma publicação no X (ex-Twitter), a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, afirmou que os advogados tentaram falar com o opositor em duas colônias penais próximas a Moscou.
“Hoje [11.dez], como na 6ª feira [8.dez], os advogados tentaram chegar a IK-6 e IK-7 – duas colônias na região de Vladimir, onde Alexey Navalny poderia estar. Acabam de ser informados, simultaneamente por ambas as colônias, que ele não está lá. Ainda não sabemos onde Alexey está”, disse.
Navalny está preso desde 2021. Foi condenado a 19 anos de prisão em 4 de agosto por “atos extremistas”, que incluem a criação de um grupo, convocação de atos, financiamento das atividades, envolvimento de menores e “reabilitação da ideologia nazista”.
As acusações estão relacionadas às atividades da Fundação Anticorrupção, criada por Navalny em 2011. A organização foi classificada como “extremista” e banida pela Rússia em 2021. Ela funciona hoje como uma iniciativa internacional. A decisão foi proferida pelo Tribunal de Moscou em julgamento fechado.
Antes da decisão de agosto, ele já cumpria sentença de mais de 11 anos por outras acusações. Em 2014, foi condenado a 3 anos e meio de prisão pelo suposto roubo de US$ 500 mil de duas empresas russas, mas pôde cumprir a pena em liberdade condicional.
Em janeiro de 2022, ele foi condenado a 2 anos e meio de prisão por violações da liberdade condicional. O veredito foi dado depois de Navalny retornar da Alemanha, onde estava se recuperando de uma tentativa de assassinato por envenenamento, supostamente cometida pelo FSB (serviço secreto russo). Dois meses depois, recebeu a sentença de 9 anos de prisão por fraude e desacato.
O desaparecimento de Navalny é registrado em meio ao início das campanhas eleitorais para eleições presidenciais na Rússia. O pleito está marcado para ser realizado em 17 de março de 2024. Vladimir Putin confirmou que disputará um 5º mandato.
A equipe do ativista divulgou em 7 de dezembro uma campanha contra o atual líder russo, instando os eleitores a votarem em qualquer um, exceto em Putin. A iniciativa afirma que os resultados das eleições “serão falsificados” e que Putin considerará o pleito como um “referendo de aprovação” de suas ações, que incluem a guerra na Ucrânia.
Em sua conta no X, o chefe da equipe de Navalny, Leonid Volkov, afirmou que o desaparecimento do político russo foi em um momento de “0% de coincidência e 100% de controle político manual direto do Kremlin”, sede do governo russo. Segundo Volkov, a transferência do militante deveria ter sido feita há 2 meses.
“Não é segredo para Putin quem é o seu principal adversário nestas ‘eleições’. [Ele] quer garantir que a voz de Navalny não seja ouvida. Isso significa que todos deveriam tornar-se a voz de Navalny”, afirmou.
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