Putin cessa bombardeios em massa na Ucrânia e afirma que guerra com Otan seria ‘uma catástrofe global’

Líder da Rússia fez uma entrevista coletiva em Astana, Cazaquistão, e respondeu a declaração do chefe da União Europeia sobre a aniquilação das tropas russas
Por: Brado Jornal 14.out.2022 às 17h25
Putin cessa bombardeios em massa na Ucrânia e afirma que guerra com Otan seria ‘uma catástrofe global’
Foto: Divulgação

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, descartou o lançamento imediato de novos bombardeios em massa na Ucrânia e a expansão da mobilização de tropas anunciadas há três semanas após os reveses de suas forças. Segundo ele, 222 mil soldados, dos 300 mil esperados, foram recrutados até agora, e 16 mil já estão em “unidades envolvidas nos combates”. O líder fez essas declarações em entrevista coletiva em Astana, Cazaquistão, onde também respondeu ao pronunciamento de Joseph Borrell. O chefe da diplomacia da União Europeia havia dito na quinta-feira, 13, que “qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia vai gerar uma resposta; não será uma resposta nuclear, mas será tão forte do ponto de vista militar que o exército russo ficará aniquilado”. Em resposta, Putin afirmou que uma guerra com a Otan seria uma catástrofe global. “Eu espero que esses que estão dizendo isso sejam espertos o suficiente para não dar tais passos”, afirmou, citando o risco de “catástrofe global” de um embate atômico. Na entrevista, o russo falou que o que está acontecendo hoje na Ucrânia não é agradável, porém, ressaltou a importância que a sua “operação militar” – forma que ele classifica a guerra. “Se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia, estaríamos na mesma situação um pouco mais tarde, só que em condições piores para nós”, acrescentou.  “Então, estamos fazendo tudo certo”, concluiu. 

Nesta semana, o conflito no Leste Europeu, que se aproxima do oitavo mês, esquentou. A ação parte de uma campanha maciça de bombardeios contra várias cidades ucranianas, incluindo Kiev, em retaliação por uma explosão que danificou a ponte de Kerch, na Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014. Classificando o ataque como uma “ação terrorista” realizada pelos serviços ucranianos, o governo russo anunciou nesta sexta-feira que pretende restaurar a ponte em menos de nove meses, antes de 1º de julho de 2023. Construída sob as ordens do presidente russo, esta infraestrutura é fundamental para abastecer as tropas russas na Ucrânia. Desde o setembro a Rússia tem perdido território. Nas últimas semanas foram forçadas a se retirar de várias posições no leste e no sul, diante de uma surpreendente contraofensiva ucraniana. O avanço das forças ucranianas obrigou as autoridades estabelecidas pelo Kremlin na região de Kherson (sul), anexada por Moscou, a solicitarem a retirada de civis.  Apesar da contraofensiva ucraniana, forças russas e separatistas realizam movimentos ofensivos em um setor do leste e afirmam que estão em boa posição para conquistar a cidade de Bakhmut.  Controlar essa cidade permitiria que Moscou avançasse sobre duas outras cidades controladas por Kiev na região de Donetsk, Kramatorsk e Sloviansk. 

Por outro lado, as falar de Putin não intimidam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que prometeu a vitória a seus cidadãos, em um ato de comemoração ao Dia do Defensor. “Em 14 de outubro, agradecemos a todos aqueles que lutaram pela Ucrânia no passado e a todos aqueles que lutam por ela agora, aqueles que venceram no passado e aqueles que certamente vencerão agora”, disse Zelensky em um vídeo. “Juntos rumo à vitória!”, lançou o chefe do Exército ucraniano, Valery Zalujny. Por ocasião deste feriado, retratos de cerca de 180 soldados que morreram em Mariupol, uma cidade portuária sitiada durante meses pelo Exército russo antes de cair em maio, foram erguidos em frente à Catedral de Santa Sofia, em Kiev. Nesta sexta, mais uma denúncia foi feita contra os soldados russos. A representante especial da ONU para Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten, disse que os estupros e agressões sexuais atribuídos às forças russas na Ucrânia são uma “estratégia militar” e uma “tática deliberada para desumanizar as vítimas”. “Quando ouvimos os depoimentos de mulheres falando sobre soldados russos equipados com viagra, é claramente uma estratégia militar”, explicou.



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