‘Coreia do Norte deve responder por crimes contra a humanidade’, diz secretário da ONU

País é governado por um ditadura comunista desde 1948
Por: Brado Jornal 02.set.2022 às 16h53
‘Coreia do Norte deve responder por crimes contra a humanidade’, diz secretário da ONU
Foto: KCNA/via REUTERS

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que o Conselho de Segurança do órgão considere apoiar um julgamento sobre crimes contra a humanidade cometidos na Coreia do Norte. O processo ocorreria no Tribunal Penal Internacional.

“Continua a ser imperativo para a comunidade internacional responder à situação dos direitos humanos” na Coreia do Norte, incluindo o apoio à responsabilização “caso se verifique que foram cometidos crimes contra a humanidade, a fim de evitar a impunidade” disse Guterres na quinta-feira 2. “Isto pressupõe que o Conselho de Segurança atue, por sua iniciativa ou por recomendação da Assembleia Geral, para que se considere o encaminhamento da situação para o Tribunal Penal Internacional.”

De acordo com o site RTP Notícias, um relatório enviado para a Assembleia Geral da ONU afirma não ter havido progressos na responsabilização pelas violações dos direitos humanos no país. O documento cita dados anteriores que podem constituir crimes contra a humanidade.

O tribunal foi criado para procurar a responsabilização pelas piores atrocidades do mundo: crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio. A Coreia do Norte é conduzida por uma ditadura comunista desde sua criação em 1948.

Atualmente, o governo é comandado com mãos de ferro por Kim Jong-un. Ele é neto de Kim Il-sung, fundador e primeiro governante do país. O poder na Coreia de Norte tem passado de pai para filho há três gerações.

Não há liberdade de imprensa no país. Os jornais e as emissoras de rádio e televisão são estatais. Até mesmo a internet é controlada, funcionando apenas como uma rede interna.

O regime estabelecido pela família Kim persegue opositores e privilegia apoiadores, conforme descreve Leonardo Lopes, historiador, em entrevista concedida a Oeste. A divisão ocorre por meio de um sistema de classificação chamado songbun, que possui diversas subcategorias.

“O songbun define onde a pessoa vai morar, de que oportunidades poderá desfrutar, as categorias de emprego e o nível de liberdade a que terá direito”, afirmou. “Pessoas de alto songbun moram em Pyongyang, por exemplo, e podem desfrutar de vantagens como cinema, parque aquático e um sistema de saúde aceitável. Também recebem uma cesta básica mais caprichada. O hostil, pelo contrário, terá uma cesta básica precária — algo como 300 gramas de comida por dia — e vai morar em uma montanha inóspita, numa “cidade” cercada e policiada, ou seja, um campo de concentração, de onde não poderá sair nunca. Também não terá acesso à universidade e não poderá escolher sua profissão. Essas são as pessoas que mais sofrem e normalmente as que mais tentam fugir de lá.”



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