O presidente do Peru, Pedro Castillo, definiu como “uma questão devastadora” a denúncia e investigação preliminar aberta pelo Ministério Público nesta última segunda-feira, 4, contra sua cunhada, Jenifer Paredes, por supostamente oferecer uma obra de saneamento em Cajamarca, região de onde é oriundo o governante. “Acho que há uma questão devastadora, não é nova. Vou evitar dizer, porque as coisas têm que ser direcionadas e esclarecidas na hora certa, mas acho importante que, além dessas coisas, no final a verdade prevalecerá”, disse Castillo a repórteres no distrito de Comas, em Lima. O presidente peruano referiu-se assim ao inquérito preliminar aberto pelo Ministério Público após o programa “Cuarto Poder” ter divulgado no domingo algumas imagens em que Paredes, que foi criada como filha pelo casal presidencial, aparece conversando com moradores do distrito de Chota, em Cajamarca, para informá-los de que precisava registrá-los para construir uma obra de saneamento. “Hoje em dia fazem todo tipo de investigação, que continuem, vamos encarar de peito aberto. Acreditamos que o Peru está acima de tudo isso”, destacou Castillo.
O chefe de Estado acrescentou que não chegou ao cargo para “dar demonstrações de corrupção” e, nesse sentido, reiterou que não as encontrarão “por mais que procurem por questões como essa, que são históricas no Peru”. Tanto a Ouvidoria quanto a presidente do Congresso, María del Carmen Alva, também pediram nesta segunda-feira uma investigação exaustiva da denúncia contra Paredes por um suposto caso de tráfico de influência ou intermediação em favor de uma empresa privada. A Comissão de Fiscalização do Congresso do Peru aprovou na quinta-feira passada um relatório que acusa Castillo de dirigir uma suposta rede criminosa entrincheirada no Executivo, na qual também foram implicados outros personagens ligados à sua gestão, que estão foragidos da Justiça. O documento propõe acusar constitucionalmente o chefe de Estado pelos crimes de organização criminosa, negociação incompatível e uso indevido do cargo, e será votado nos próximos dias pelo plenário do Legislativo.
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